A Académica foi bastante feliz na Luz num passado recente. Entre a época de 2007/08 e a de 2010/11, em quatro ocasiões, portanto, os estudantes ganharam por três vezes no recinto encarnado. Duas (0-3 e 0-1) com Domingos Paciência e uma com Jorge Costa (1-2).

Nesta última, brilhou com particular intensidade um jogador com nome de cantor dos anos 80. Ainda se lembram de Laionel? Tal como o artista de quem a mãe era fã, o extremo da Briosa saiu-se com uma das suas melhores baladas para enlear a águia e fugir com os três pontos no bolso. Jogava-se a primeira jornada da Liga, num quente Agosto de 2010.

Miguel Fidalgo havia aberto o marcador aos 25 minutos, deixando a nu os primeiros sinais de intranquilidade e também as fragilidades do lado dos encarnados. A igualdade só foi reposta depois da hora de jogo, por Franco Jara, que entrara ao intervalo.

Em campo estava, convém não esquecer, o último Benfica campeão em título, ainda com David Luiz, Fábio Coentrão ou Javi Garcia, mas havia também... Roberto. Inteligente, Laionel recebeu o passe de Paraíba ainda a meio-campo, viu o adiantamento do guarda-redes, e fez-lhe um chapéu a uns bons 30 metros. A bola ainda bate no ferro antes de entrar. Um grande golo, ao minuto... 92. Afinal, a maldição já vinha de trás.

Um dos golos mais bonitos da carreira

Três anos e meio volvidos sobre a proeza, Laionel está no Volta Redonda. «Estou a disputar o Carioca [campeonato estadual], estamos a meio da tabela, e também já está quase a terminar», responde ao Maisfutebol, do outro lado do Atlântico, em tom descontraído, como sempre.

Desafiamos-lhe a memória. «Se me lembro? Como não? Foi uma grande vitória, um daqueles jogos que marcam qualquer um. O Benfica defendia o título, tinha grandes nomes, e nós fomos lá fazer o nosso jogo. Fiz um dos golos mais bonitos da minha carreira até então», relembra.

«Sabíamos que ia ser difícil, ainda por cima na Luz, contra o campeão, mas nunca deixámos de acreditar, nem mesmo quando o Addy foi expulso, no início da segunda parte. Como foi o golo? Recebi o passe do Júnior [Paraíba], vi que o Roberto estava adiantado, procurei colocar-lhe a bola por cima, e fui feliz», acrescenta.

Felicidade é, de resto, a palavra que melhor exprime a passagem de Laionel por Coimbra, já depois de ter estado no Boavista e V. Setúbal. «Guardo ótimas recordações da cidade, das pessoas, da direção, ex-colegas e treinadores. Todos me trataram sempre com grande respeito», sublinha, alargando as saudades ao nosso país em geral:

«É como uma segunda casa. Vivi em Portugal vários anos, o meu filho nasceu em Braga, tenho muitas lembranças.»

Uma tendência encarnada para os golos

Em três épocas e meia em Portugal - na última, saiu em Janeiro, para o Salamanca -, Laionel não foi propriamente um goleador, mas fez uma vítima preferencial, justamente o Benfica. Além do golo que justifica esta reportagem, o brasileiro ainda fez mais dois, mas só aos estudantes ofereceu uma vitória.

Antes, em Setúbal, onde só marcou dois golos na Liga, um deles foi precisamente frente aos encarnados, no Bonfim: «só» valeu uma igualdade a duas bolas. Depois da passagem por Coimbra, no Gil Vicente, por coincidência também na primeira jornada do campeonato, marcou noutro empate a dois, em Barcelos

«Não há aqui qualquer preferência, são coisas do momento, a oportunidade surge e há que aproveitá-la», explica, garantindo que ainda vai a tempo de marcar aos outros grandes: «Quem sabe se regresso aí outra vez e faço golos ao Sporting ou ao FC Porto?»