O Clube Académico de Futebol (CAF), mais conhecido por Académico de Viseu, foi fundado em julho de 1914 e ombreou com os grandes emblemas do futebol português, disputando o primeiro e segundo escalões nacionais por diversas vezes ao longo da história, até ao momento em que viu declarada a sua insolvência, decorria o mês de janeiro de 2006.

«Devemos ser o papão das subidas»

Atualmente o clube tem uma outra designação, Académico de Viseu Futebol Clube, mas o espírito mantém-se intacto. Tendo recomeçado a partir do zero, o Ac.Viseu fez um longo percurso desde os distritais até à II Liga, que acabou de alcançar no passado domingo, com um empate a uma bola frente ao S. João de Ver.

O Maisfutebol foi em busca da chave deste sucesso, tentando perceber qual o segredo por detrás deste novo Académico.

Filipe Moreira, treinador do Ac.Viseu, admite que a subida era um objetivo. «O propósito quando aqui cheguei era subir. Era um objetivo do presidente e essa era a ideia que eu tinha de passar ao grupo de trabalho», declara o técnico, que já orientou equipas como o Nacional, Portimonense, Santa Clara ou Tondela, acrescentando que rapidamente percebeu a existência de «um grupo de trabalho que também acreditava», sendo que o passar do tempo contribuiu, de forma decisiva, para consolidar essa postura, através «da entrega e do crer».

Quanto à importância da subida de uma equipa do interior do país, a uma competição com o nível da II Liga, dominada por equipas do litoral, o treinador afirma que Viseu «é uma região de pessoas que gostam de futebol».

«Tem uma massa adepta que consegue audiências incríveis, maiores que muitos outros clubes. Também eles queriam muito esta subida. Tenho a certeza que muita gente vai voltar ao estádio e vamos continuar a ser um campo muito complicado», assumiu.

«Não há muitos treinadores com este registo»

Filipe Moreira entrou para o comando técnico da equipa já com o campeonato a decorrer, tendo feito 21 jogos no total. «Quando chegámos, tentámos perceber se o convite havia sido feito para trabalhar como nós queríamos, com liberdade. Aí, devo dizer que o presidente foi fantástico. Transmitiu-nos uma mensagem de liberdade e de confiança», confessa o treinador, admitindo que «houve alguns ajustes», como a saída e entrada de alguns jogadores.

Nas últimas três temporadas, Filipe Moreira tem tentado consecutivamente a subida de escalão, se bem que por clubes diferentes. Porém, esse objetivo tem-lhe vindo a fugir, sempre no último jogo. Este ano a subida foi mesmo alcançada, e o técnico mostra-se satisfeito por isso.

«Peço desculpa pelo que vou dizer, mas não há muitos treinadores com este registo. Não é fácil. Desta vez não foi o caso, mas quando estamos perante um último jogo que é decisivo, acaba por passar tudo pela sorte, pela inspiração ou por saber controlar melhor a ansiedade», refere Filipe Moreira, sublinhando que esta temporada o caso era diferente, uma vez que o Académico levava vantagem «no confronto direto com o Cinfães» e, assim sendo, a equipa dependia apenas dela própria.

«Gostava de salientar que o mérito desta subida vai todo para os jogadores, pois foram eles os grandes obreiros deste feito», salienta o técnico, que não se esquece de mencionar o Cinfães, equipa que disputava o lugar de subida com o Ac. Viseu. «Queria deixar uma palavra para o Cinfães que se bateu muito bem. Infelizmente, só uma equipa pode subir», finalizou.