Esta semana foi marcada por muita conversa sobre fundos e investidores no futebol. Um estudo recente da Universidade Católica, para a Liga portuguesa, fala sobre o papel e a importância destes participantes relativamente recentes na indústria do futebol. Este texto é uma análise a partir desse estudo, cuja leitura atenta recomendo vivamente

(continuação, ler parte I)

O dinheiro dos bancos

Grande parte do investimento dos clubes portugueses, os maiores, foi feito a partir de dinheiro emprestado pelos bancos. Como se sabe, o acesso ao crédito bancário diminuiu de forma brutal desde 2008. E o preço a pagar por empréstimos é cada dia maior.

É nesta fase que entram os fundos de investimento, tão falados nos últimos dias por causa da transferência de Roberto e da compra, pelo F.C. Porto, de parte do passe de João Moutinho.

Na prática, os fundos de investimento colocam dinheiro nos clubes e partilham o risco.

O fenómeno funciona assim.

Os fundos trabalham em ligação com os clubes, possuem especialistas em futebol e baseiam-se em números e histórico.

Se um fundo deste tipo olhar para o histórico de venda de jogadores de F.C. Porto e Benfica, por exemplo, na última década será levado a concluir que ambos os clubes sabem valorizar jogadores, gerando mais-valias. O que facilita a vontade de confiar e participar em negócios.

Clube e fundo partilham o risco inerente ao investimento num jogador de futebol. O emblema entra com parte do dinheiro e fica com uma percentagem. O fundo entra com a outra parte e fica com a percentagem consequente.

Entre clubes e fundo são estabelecidos mecanismos que balizam a relação. Por exemplo, é comum ficar em contrato que se algum clube estiver disposto a pagar determinada verba por um futebolista, o emblema que o detém deve deixá-lo sair ou disponibilizar-se para comprar ao fundo a percentagem que possui, por um valor equivalente.

(continua)