PONTO FORTE: jogo de paciência
O grande trunfo deste Dinamo de Kiev é a forma segura como aborda o jogo. Tanto no plano ofensivo como no defensivo. É um jogo de paciência no qual a equipa ucraniana se sente muito confortável. A posse de bola é gerida de forma prudente, sem assumir muitos riscos, à espera de uma solução sólida para avançar no terreno de jogo. No plano defensivo a equipa de Serhiy Rebrov também tem mostrado enorme segurança, a ponto de ter apenas quatro golos sofridos em nove jogos. Dois deles com um defesa central na baliza, por força da expulsão de Shovskovskiy (na Supertaça, com o Shakhtar Donetsk).
 
PONTO FRACO: quem acompanha Yarmolenko?
Em excesso, esta segurança pode ser limitativa. O Dinamo é uma equipa com rotinas bem definidas, bem consolidadas, mas para desequilibrar um jogo de futebol é preciso juntar a isto criatividade e irreverência. Yarmolenko tem isto (e muito), mas por vezes falta-lhe companhia. Tanto do lado oposto (com Derlis isso pode melhorar), como na zona central do terreno.
 
A FIGURA: Andriy Yarmolenko
Indiscutivelmente a maior ameaça para o FC Porto. E a prova disso é que está diretamente envolvido em 65 por cento dos golos do Dinamo. A equipa ucraniana tem 20 tentos apontados em nove jogos, e Yarmolenko marcou seis e assistiu sete. Esquerdino, joga quase sempre pelo lado direito, desequilibrando tanto pela linha como em posições mais interiores. Não aparece muito entre linhas, como um falso «10», mas é fortíssimo nas diagonais. Tanto com a bola nos pés como a aparecer nas costas do ponta de lança, aproveitando as inteligentes movimentações de Júnior Moraes. É o craque que agita o futebol ofensivo da equipa.

ONZE BASE
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OUTRAS OPÇÕES:
Oleksandr Shovkovskyi, de 40 anos, pode perfeitamente ser o guarda-redes titular frente ao FC Porto, tendo em conta a rotatividade que tem sido aplicada na baliza.
Titular em quatro jogos, tal como Vida, Khacheridi é outra opção para o eixo defensivo. Internacional ucraniano de 28 anos, no Dinamo desde 2008, é um jogador que também oferece garantias. Fisicamente forte, firme no jogo aéreo, mas não tão forte com a bola nos pés. O plantel tem ainda Mykyta Burda, central de apenas 20 anos, utilizado apenas como suplente utilizado no jogo da Taça da Ucrânia.
Yevhen Makarenko, alternativa a Antunes, ainda só se equipou uma vez, e nem entrou. Para o lado direito da defesa, para além de Danilo e Vida, a outra opção é Morozyuk. O camisola 9 tem um perfil idêntico ao de Gusev, e fez dois jogos a lateral direito e dois como médio-ala esquerdo.
O internacional sérvio Radosav Petrovic, contratado ao Gençlerbirligi, é uma alternativa válida a Rybalka para a posição «6». Sydorchuk tem discutido a titularidade como Garmash, como já referido, e apresenta um perfil muito idêntico: médio de equilíbrio, de passe curto, pouco vertical, que arrisca pouco em ações individuais. Outra opção para médio interior é Vitaly Buyalsky, de 22 anos, já utilizado em três ocasiões.
Com o franco-marroquino Younês Belhanda em campo o Dinamo aproxima-se mais de um 4x2x3x1. Embora no papel a equipa mude pouco, as características do antigo jogador do Montpellier aproximam-no do papel de «10», atuando mais perto do ponta de lança. É um jogador mais criativo, que aumenta a capacidade da equipa no jogo interior, mas também menos rigoroso taticamente. Quem também encaixa neste perfil é Nico Kranjcar, que está de volta ao Dinamo mas tem andando a recuperar de lesão e ainda não jogou oficialmente.
No que diz respeito às alas, o técnico Serhiy Rebrov tem mais duas opções. Contratado ao Basileia, o ex-benfiquista Derlis González perdeu os primeiros encontros da época mas nos dois últimos jogos foi titular no lado esquerdo do ataque. A outra opção é o jovem Serhiy Myakushko, que aos 22 anos está de regresso ao Dinamo após um empréstimo ao Hoverla.
O internacional ucraniano Artem Kravets é a alternativa a Júnior Moraes para a frente de ataque, e foi utilizado em oito jogos (dois como titular), somando um golo e uma assistência. O polaco Luke Teodorczyk, que fraturou a tíbia no final de maio, regressou recentemente aos treinos. 
 
ANÁLISE DETALHADA:
 
ARRANQUE SÓLIDO. Em nove jogos oficiais o Dinamo soma sete vitórias, um empate e uma derrota. A equipa de Serhiy Rebrov começou por perder a Supertaça para o Shakhtar Donetsk, com dois golos sofridos nos descontos, mas depois disso só escorregou uma vez, com um nulo no reduto do Zorya. É líder isolado da Liga ucraniana e superou a primeira eliminatória da Taça, pelo que o arranque tem sido sólido.
 
UM TRIDENTE PARA COMEÇAR. A forma segura e prudente como o Dinamo de Kiev gere a posse de bola está muito associada a uma primeira linha de construção de jogo com três elementos. Rybalka recua frequentemente para o meio dos centrais ou mesmo descaído para uma das laterais.

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ROTINAS VINCADAS
. O Dinamo é uma equipa muito agarrada às rotinas, às movimentações que estão treinadas. Quando a bola está ainda a ser trocada na zona mais recuada é normal ver Miguel Veloso em diagonal para as costas de um extremo, ao mesmo tempo que este recua ligeiramente no terreno; Antunes a avançar pelo lado esquerdo enquanto o extremo procura zonas mais interiores; ou triangulações entre lateral, médio interior e extremo, para chegar à área contrária através do jogo exterior.




 
COESÃO DEFENSIVA. O Dinamo defende de forma compacta, organizando-se habitualmente em 4x1x4x1. Rybalka fixa o posicionamento à frente dos centrais, de forma a controlar o espaço entre linhas. Os dois médios interiores formam uma linha de quatro com os extremos, sempre muito solidários (inclusive Yarmolenko). O Dinamo gosta de pressionar os adversários em terrenos adiantados, mas é perspicaz a identificar os momentos para o fazer. Avança quando percebe que opções de passe são reduzidas, e muitas vezes esse sinal é dado por Júnior Moraes, um avançado «chato», que não dá um minuto de descanso aos opositores. Pontualmente a organização defensiva pode passar a 4x4x2, sobretudo se for preciso responder ao recuo de um médio contrário, e nessa circunstância é Miguel Veloso que apoia Júnior Moraes.


 
DUPLA DE TRANSIÇÃO. O Dinamo ainda não sofreu qualquer golo em contra-ataque, e mesmo nos jogos com equipas de ambição inferior mostrou competência a anular as transições rápidas. A equipa reage bem à perda de bola, pressionando de imediato o portador, ao mesmo tempo que outros elementos reorganizam-se rapidamente. No plano ofensivo o Dinamo já marcou quatro golos em contra-ataque, o que corresponde a um peso de 20 por cento no saldo global. A mobilidade de Júnior Moraes e a velocidade de Yarmolenko (com ou sem bola) devem ser tidas em conta.
 
SOLUÇÕES ALTERNATIVAS (E BLOQUEIOS) NAS BOLAS PARADAS. Dos 20 golos marcados pelo Dinamo até ao momento, cinco surgiram na sequência de lances de bola parada (um quarto, portanto). Neste capítulo é de realçar a forma «alternativa» como foram obtidos os dois golos de canto. No jogo da Taça da Ucrânia com o Hirnyk, disputado a 22 de agosto, Yarmolenko cobrou um canto para a entrada da área, onde estava Antunes, completamente solto, para um golaço de primeira. Uma solução que já tinha sido testada duas semanas antes, frente ao Chornomorets, mas com Miguel Veloso a servir Yarmolenko. No último jogo, frente ao Oleksandria, surgiu o segundo golo de canto, com Yarmolenko a meter rasteiro para a zona do primeiro poste, onde apareceu Vida a concluir, beneficiando de um bloqueio de Danilo ao jogador que o estava a marcar. Os bloqueios são uma estratégia cada vez mais frequente, e o Dinamo também recorre aos mesmos.




 
Na vertente defensiva os lances de bola parada correspondem a metade dos golos sofridos, mas a amostra total é de apenas quatro tentos, como já foi referido. E estamos a falar de um autogolo de Miguel Veloso e de um tento de grande penalidade. São golos tão válidos quanto os outros, mas que não representam insegurança do Dinamo neste aspeto. Acabam até por reforçar o elogio à organização defensiva da equipa, perante os tais quatro golos sofridos apenas.