A liderança é dos temas mais falados em quase todos os contextos. O desporto e o futebol não fogem à discussão e, nas vitórias e nas derrotas, surge sempre como uma das razões para o sucesso ou insucesso. 

Existem vários modos de se avaliar uma liderança, mas quase todos encaixam em dois grandes campos de análise: resultados (vitórias, derrotas, objetivos e troféus) e processos (de curto, médio ou longo prazo, a sua sustentabilidade, ou o seu recetor: para pessoas ou através das pessoas). 

Pinto da Costa, com muitas mais pessoas, construiu uma visão e, aos poucos. colocou o seu projeto no lugar onde queria. Durante muito tempo, esteve esteve no topo. O que não sabemos é se estes três anos sem ganhar o campeonato são sinal do término do projeto ou não. 

A verdade é com processos de sempre - discutíveis, polémicos, mas eficientes -, que deram resultado durante muito mais tempo do que outros - tem averbado os resultados que estão à vista de todos.

A liderança tem disto.

O FC Porto não está neste momento preparado para fazer a transição.

Como em quase todos os processos comportamentais, nem sempre os mesmos métodos dão invariavelmente os mesmos resultado. O presidente do FC Porto, ou melhor, a sua liderança apresenta hoje alguns sintomas aos quais se devem dar alguma atenção: a rotatividade dos seus treinadores é mau sinal, uma vez que raramente se deu bem ao mudar tanto; e as pessoas que o rodeiam esperam uma oportunidade para o substituir, sinal de que o seu carisma já teve dias melhores.

O clube portista era até aqui o que melhor se dava com a saída de treinadores campeões, sinal de que a estrutura dava resposta às necessidades que uma equipa de futebol e uma época exigiam.

Uma equipa sem referências

Hoje, quer os adeptos portistas gostem ou não, o conjunto de jogadores da plantel está longe de responder aos desafios. Tornou-se uma equipa sem referências. E, estranhamente, há por aqueles lados uma equipa B orientada por um excelente treinador, e cheia de jogadores que, aos poucos, emprestariam sangue novo e um pouco mais de mística, de identificação com o clube, do que aqueles que todos os anos têm chegado ao Dragão com o intuito de rapidamente dar o salto.

Em tempos questionavam-me se Pinto da Costa era de facto ou não um dos melhores líderes que os clubes tinham visto. Eu respondia com um facto e uma dúvida, que reforçava a ideia de dependência do seu líder: ganhava e isso é o que quase todos nós queremos; mas, para mim mais importante, previa-se o clube abanasse até às fundações quando um dia saísse.

Este último passo é talvez aquele que deve preocupar mais os adeptos portistas, já que o clube não está neste momento preparado para fazer a transição.

Não há unanimidade relativamente aos passos seguintes. E isso vai gerando algo menos positivo: na dúvida, o líder atual, mesmo não estando a dar resposta, decide continuar por considerar que é a melhor decisão para o seu clube. E à falta de uma nova direção mais eficiente, é natural que Pinto da Costa não queira deitar tudo a perder. Os próximos serão muito importantes para o líder do clube. Para ele e para todos, ou não fosse a liderança um estado e não um cargo.