100 pontos. Manchester City e PSG estão na rota de algo inédito nos seus campeonatos. Ambos com o título já assegurado, ambos com 90 pontos a quatro rondas do fim, podem ainda alcançar um incrível número redondo e entrar para um clube muito restrito.

Apenas em dois dos grandes campeonatos europeus aconteceu até hoje uma equipa atingir os 100 pontos: em Espanha, por duas vezes e na última década, e em Itália, com a Juventus, há quatro anos. Mesmo alargando a pesquisa é muito raro: o Celtic, dominador em série na Escócia, conseguiu-o por uma vez. E cavando mais ainda há outro registo, os galeses do Barry Town, que o alcançaram em duas ocasiões na década de 1990. Pronto.

Posto isto, chegamos a 2017/18 e temos duas equipas ainda na mira dos 100 na reta final dos campeonatos. O que dá a medida do domínio de Manchester City e PSG nas suas Ligas este ano. O Barcelona, que ainda não é matematicamente campeão mas está muito perto, já não poderá lá chegar, quando tem 83 pontos a cinco rondas do fim.

Registos incríveis, começando pelo do novo campeão inglês. O Manchester City já igualou o recorde de campeão mais prematuro: festejou a cinco jornadas do final, tal como o Manchester United em 2000/01.

A principal meta agora é bater o recorde de pontos alcançado por um campeão, que é do Chelsea de José Mourinho, 95 pontos no primeiro ano do português em Stamford Bridge: em 2004/05, os Blues ganharam 29 jogos, empataram 8 e perderam apenas um.

Ninguém voltou a alcançar essa marca, num campeonato que é tradicionalmente muito competitivo. Agora o City pode reescrever a história. Para isso precisa de vencer pelo menos três jogos e empatar outro até ao fim do campeonato.

Vai tentar fazê-los numa reta final de campeonato em que se cruza com equipas no último quarto da tabela: West Ham em casa, Huddersfield fora, Brighton no Ettihad, três equipas ainda não completamente tranquilas, e por fim o fecho da Premier no terreno do aflito Southampton.

Quanto ao PSG, procura bater o seu próprio recorde. Foi há apenas duas épocas que os parisienses estabeleceram o máximo de pontos na Ligue 1 em 96 pontos. O Mónaco de Leonardo Jardim ficou muito perto na época passada, terminou essa campanha notável com 95 pontos.

Mas 100 pontos é inédito. E o PSG está em circunstâncias iguais às do City, precisa de três vitórias e um empate. Pela frente tem jogos com Guingamp e Amiens, equipas tranquilas na tabela, depois receber o Rennes, que ainda corre por um lugar na Liga Europa, fechando em Caen.

Mourinho é um denominador comum nesta conversa de recordes de pontos. Também foi ele o primeiro a atingir a marca dos 100 pontos na Liga espanhola, quando foi campeão com o Real Madrid em 2011/12. O Barcelona não perdeu tempo a imitar os merengues e repetiu a proeza na temporada seguinte.

Em campeonatos a 20 equipas as probabilidades de atingir os 100 pontos são naturalmente maiores do que em Ligas mais curtas. Têm 38 jornadas, 114 pontos em disputa. Uma equipa que atinja a centena terá um rendimento de 87,7 por cento.

A Bundesliga, por exemplo, que só teve uma época de exceção a 20 equipas aquando da reunificação da Alemanha mas estabilizou há muito nas 18, nunca teve um campeão próximo dos 100 pontos, apesar do domínio claro do Bayern Munique nos últimos anos.  Na Alemanha, o máximo de pontos alguma vez alcançado é 91. Foi atingido pelo Bayern Munique em 2012/13 e corresponde a um rendimento de 89.22 por cento.

Portugal: 100 pontos só numa Liga perfeita

Em Portugal, no atual formato da Liga, também a 18 equipas, um campeão com 100 pontos implicaria uma campanha praticamente imaculada. Em 34 jornadas há 102 pontos em jogo, pelo que para alcançar o número redondo seria necessário ceder apenas um empate em todo o campeonato.

Nunca tal aconteceu na história da Liga. O melhor campeão é ainda o Benfica de 1972/73, orientado por Jimmy Hagan, que cedeu dois empates em todo o campeonato. Tem um rendimento de 96.6 por cento.

Para encontrar o segundo campeão com melhor rendimento é preciso recuar até 1939/40, quando o FC Porto conquistou o título perdendo apenas um jogo, rendimento de 94.4 por cento. O terceiro lugar do pódio é bem mais recente: o título do FC Porto em 2010/11, quando os «dragões» orientados por André Villas-Boas cederam apenas três empates, rendimento de 93.3 por cento.

Num campeonato a 16 equipas, esse FC Porto fez 84 pontos. Nesse capítulo, o de maior número de pontos alguma vez somado no campeonato português, o recorde também é bem recente: o Benfica em 2015/16, no primeiro ano de Rui Vitória, atingiu os 88 pontos.

Um campeonato fora do comum, como Jorge Jesus tem lembrado muitas vezes: o Sporting foi segundo com 86 pontos, igualando o anterior maior máximo de pontos, que era do FC Porto – lá está José Mourinho - em 2002/03. Ainda assim, no que diz respeito a rendimento – a percentagem de pontos obtidos em relação aos pontos possíveis -, esse foi apenas o 23º melhor campeão da história da Liga, com 86,2 por cento.

Esta época, o líder FC Porto ainda pode atingir esses mesmos 88 pontos e igualar o melhor registo pontual da Liga. Mais nenhuma equipa o pode conseguir nesta altura. Para isso precisaria de vencer os três jogos que restam no campeonato: a visita ao Marítimo já no domingo, depois a receção ao Feirense e por fim o jogo em Guimarães a fechar a Liga.