É Paulo Sousa ali no meio, entre Torricelli e Padovano, 25 anos e campeão europeu pela Juventus. E aqui em baixo é Paulo Sousa, sozinho com a Taça dos Campeões que ganhou pelo Borussia Dortmund, um ano depois.

Bicampeão europeu em dois anos consecutivos. Paulo Sousa conseguiu o que nenhum clube alcançou na era da Liga dos Campeões: revalidar o título. Como ele só há mais três jogadores em toda a história da competição: Marcel Desailly (em 1993 com o Marselha, num título manchado pelo escândalo de corrupção em torno do clube francês, e em 1994 com o Milan), Gerard Piqué (2008 com o Manchester United e 2009 com o Barcelona) e por fim Samuel Etoo, que venceu também em 2009 com o Barça e na época seguinte com o Inter de José Mourinho.

Agora que regressam as competições europeias depois de dois longos meses de paragem, a recordação de Paulo Sousa é uma boa ponte para o que aí vem. Curiosamente, ele foi campeão da Europa pelos dois clubes que vão agora defrontar Benfica e FC Porto nos oitavos de final da Liga dos Campeões. E é atualmente um de sete treinadores portugueses ainda em prova na Europa. Ninguém tem tantos como Portugal, entre Liga dos Campeões e Liga Europa.

Passaram mais de 20 anos sobre aquele tempo em que o português era sem discussão um dos grandes médios do futebol europeu, até hoje uma das referências da geração de ouro portuguesa, aquela que foi campeã do mundo sub-20 em Riade, 1989 e partiu daí para chegar ao topo do futebol mundial e fazer da presença entre os grandes a rotina da Seleção Nacional.

Campeão nacional pelo Benfica em 1991, Paulo Sousa fica para sempre ligado a um dos momentos mais quentes dos anos 90 no futebol português, quando trocou a Luz pelo Sporting em 1993. Mudou-se um ano mais tarde para Itália, onde foi campeão italiano na primeira época e europeu na temporada seguinte.

Na final de 22 de maio de 1996, no Olímpico de Roma, a Juventus de Marcelo Lippi tinha pela frente o Ajax de Louis Van Gaal, na sua primeira final da Taça dos Campeões depois da tragédia do Heysel, em 1985.

Sousa foi titular, num jogo em que Ravanelli marcou o primeiro para a Juve logo aos 13 minutos, antes de Litmanen empatar pouco antes do intervalo. O português saiu aos 57 minutos para dar lugar a Di Livio, o jogo seguiu para prolongamento e nos penáltis a Juve falhou menos, 4-2.

Na temporada seguinte, Sousa deixou Itália para rumar à Alemanha. O destino era o Borussia Dortmund e logo na primeira temporada os alemães foram até ao fim na Liga dos Campeões. Na primeira final da história do Dortmund lá estava Paulo Sousa, indiscutível no meio-campo da equipa treinada por Ottmar Hitzfeld, que deixou pelo caminho nas meias-finais o Manchester United. E o rival era precisamente a Juve, a campeã europeia em título.

O Dortmund acreditou desde cedo e ganhou vantagem confortável num bis de Riedle em cinco minutos na primeira parte. Del Piero reduziu aos 65, mas um golo de Ricken seis minutos mais tarde sentenciou o jogo, 3-1 para o Dortmund. E a segunda Taça dos Campeões para Paulo Sousa.

Ficou em Dortmund o tempo suficiente para vencer a Taça Intercontinental no final de 1997, mas voltou a sair no final da segunda temporada, agora para regressar a Itália, com a camisola do Inter. A partir desta fase com uma carreira muito condicionada por lesões, ainda passou pelo Parma, Panathinaikos e Espanhol, onde acabou a carreira de jogador, em 2002.

Não passou muito tempo até dar o passo seguinte: treinador. Passou pelos escalões de formação da Federação portuguesa e a estreia como treinador principal aconteceu em Inglaterra, no histórico Queens Park Rangers. Passou ainda por Swansea e Leicester, depois os húngaros do Videoton. Foi campeão de Israel com o Maccabi Telavive e da Suíça com o Basileia. O regresso a Itália aconteceu no verão de 2015. Terminou a Serie A na quinta posição, com entrada direta na Liga Europa desta época. E está nos 16 avos de final, onde tem pela frente o Borussia Moenchengladbach, primeira mão na Alemanha na próxima quinta-feira.

Um de sete treinadores portugueses ainda em prova. Rui Vitória (Benfica), Nuno Espírito Santo (FC Porto) e Leonardo Jardim (Mónaco) na Liga dos Campeões e, além de Sousa, José Mourinho (Manchester United), Paulo Fonseca (Shakhtar Donetsk) e Paulo Bento (Olympiakos) na Liga Europa.