«Tive envolvimento com drogas quando estava no Vitória da Bahia, no final de 2002». André Neles, antigo avançado de Benfica e Marítimo, não esquece o ponto de partida de uma viagem que poderia ter terminado em tragédia. Garante que nunca consumiu em Portugal, mas já fumava um maço de tabaco por dia e bebia. O pior veio depois.
O avançado brasileiro recorda que «estava há sete meses sem receber, com dívidas a acumular». Foi a gota final. «À medida que você costuma a experimentar, você começa por dominar. Depois acaba por ser dominado. Você bebe uma cerveja, depois fuma um maço de cigarros, depois passa a fumar maconha, depois já está a cheirar cocaína», descreve.
«Um vício atrai outro vício. Tinha dinheiro, tinha fama, tinha carro importado, tinha casa, mas faltava algo no meu coração. Esse vazio era preenchido muitas vezes por bebida, tabaco ou cocaína. Felizmente, quando me entreguei a Deus, deixei de precisar de isso. O tabaco é o que mais prejudica. Eu fumava um maço de tabaco por dia, não conseguia treinar direito. Não tinha o mesmo fôlego, o mesmo pique. Só encontrei o meu melhor futebol quando parei de fumar», considera.
«Sinto-me uma criança»
O antigo André «Balada», o «rei da noite», desapareceu em Novembro de 2004. André Moreira Neles prega a palavra de Deus e até tem a sua própria igreja em Uberlândia: «Hoje, sou uma pessoa nova. Está quase a fazer cinco anos que deixei as drogas. Não tenho qualquer vício, não bebo, não fumo. Gravei um CD de música Gospel, são todas as músicas minhas e estou a gravar o segundo. Deus tirou-me daquela vida quando eu estava quase a morrer. Sinto-me uma criança. Agora quero limpar a minha imagem, já foi muito estragada»
«Estou a correr contra o tempo, tenho 31 anos, mas quero aproveitar estes anos para fazer uma carreira digna. Deus tem-me ajudado bastante, nasci de novo. Tenho contrato com o Grémio Barbueri, mas pedi para ser emprestado ao Botafogo por três meses, para jogar mais. Estou a encontrar o meu verdadeiro futebol e quero voltar ao Grémio Barbueri para jogar o Brasileirão. Estive quase três anos sem jogar, muitos diziam que eu não ia voltar, mas graças a Deus aqui estou», remata o avançado.