«Estamos no advento da entrada de investidores nos clubes»

Angelino Ferreira não tem dúvidas. Os emblemas portugueses precisam de financiamento para subsistir e a proibição de Third-Party Ownerships (TPO) por parte da FIFA vai acelerar um processo em marcha: a entrada de investidores nos clubes.

Falando no seminário «Proibição de Fundos de Investimento no Futebol: Consequências e Alterações», na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, o ex-administrador da SAD do FC Porto apontou o caminho natural.

«Juan Figger foi talvez a primeira pessoa a trabalhar com a forma fundos de investimento e começou esse processo através de clubes que utilizava para fazer as transferências. Agora podemos ter uma espécie de regresso ao passado. Aliás, estamos no advento, em vésperas, da entrada de investidores em clubes», salientou.

Antigo homem forte das finanças do FC Porto, Angelino Ferreira considera que esse será a forma encontrada para contornar a proibição de partilha de passes de jogadores com terceiros.

Se os fundos de investimento não puderem deter percentagens de direitos económicos de jogadores, irão voltar-se para clubes: «O mercado é fértil em termos de criatividade. Uma das alternativas, já perceberam, passa pelo investimento em clubes.»

«Para um futebol como o nosso, a decisão da FIFA irá diminuir a competitividade dos clubes portugueses nos palcos europeus», salientou, lembrando o «clima de dificuldade de financiamento para a atividade desportiva.»

Angelino Ferreira diz que a situação atual dos clubes portugueses é dramática: «O futebol português precisa de um PER. Se um clube ganha 300 e gasta 500, tem um défice. Esse é que é o grande problema.»

«Os fundos de investimento existem em todas as áreas de atividade económica e eram uma boa alternativa para os clubes», disse, recordando como funcionava a partilha dos direitos: «A maior parte das operações atuais são operações de financiamento e não de investimento. Se financiam um milhão, mesmo que corra mal terão de volta esse milhão. Se houver uma transação dos direitos económicos, ainda haverá direito a uma parte dos proveitos.»