A Académica foi contestada pelos adeptos como já não acontecia há anos, desde os tempos de Domingos Paciência. No final do jogo com o Beira Mar, no regresso de Aveiro, o autocarro da equipa foi alvejado com ovos e ouviram-se impropérios de toda a espécie, na chegada à academia do clube.
Desde então, o plantel tem treinado à porta fechada, foram suspensas as informações à imprensa e todos os contatos com os jornalistas. A única exceção aconteceu este sábado, com Pedro Emanuel, como sempre, a dar o corpo às balas, na defesa da equipa.
«Treinos fechados? Foi também uma forma de dar margem para procurarem outras notícias, algumas bastante interessantes e com bastante conteúdo. Foi uma postura adotada por mim, o responsável sou eu», assumiu o jovem técnico.
«Mal era se não houvesse contestação quando uma equipa vem de maus resultados. É normal. A forma como é feita é que pode suscitar dúvidas, uns defenderão uma maneira, outros outra. Mas eu aqui estou para justificar a minha função e responsabilidade na gestão deste grupo», completou.
Embora aceite e compreenda a revolta dos apaniguados da Briosa, Pedro Emanuel ressalva que não tem faltado suporte à equipa: «Tivemos o apoio de todos os adeptos, durante toda a época, nos bons e maus momentos, e grande parte destes [contestatários] estiveram em Aveiro. Espero que venha muita gente apoiar-nos segunda-feira.»
Não esquecer: «Só dependemos de nós»
Abordado o tema quente, veio o regresso à realidade. «A nossa margem de erro é mínima, mas só dependemos de nós. Pese tudo o que tem saído em sentido contrário, continuo a dizer que, apesar de jogarmos de preto, o cenário não é tão negro assim como quererem fazer crer», afiançou.
«Dependemos de nós, temos de fazer o nosso trabalho, temos de ir à procura do resultado e da vitória, respeitando o adversário. Temos de ter personalidade suficiente para arrancar os três pontos», prosseguiu, negando qualquer ansiedade dos jogadores nestas duas semanas de paragem.
O intervalo, segundo o técnico, foi até «extremamente produtivo» na abordagem e preparação para o reencontro com Sérgio Conceição, ante um Olhanense, que foi o último adversário a quem os estudantes ganharam na Liga.
«Tem um grupo de jogadores com alguma experiência e bastante qualidade. Apostam nas transições ofensivas e têm três elementos da frente muito rápidos. A defesa é muito experiente e compacta e, por isso, têm crédito para vir disputar o jogo e procurar levar alguma coisa daqui», finalizou.