Aquilo que foi anunciado como uma conferência de imprensa tornou-se, afinal de contas, na leitura de um comunicado de sete pontos. E sem hipótese para perguntas da parte dos jornalistas. Numa sala de imprensa que desta vez nem tinha muitos adeptos, o Boavista disse assim apenas aquilo que quis, pela voz do director-geral da SAD Paulo Gonçalves.
Disse, antes de mais, que é falso que João Loureiro tenha pressionado um vogal da comissão de arbitragem a nomear dois assistentes para um determinado jogo do Boavista e que tenha pedido a um observador para interceder junto de um árbitro para beneficiar os axadrezados num outro jogo. E revelou que vai responsabilizar judicialmente os jornalistas autores das notícias saídas em «A Capital» e o «Independente».
Disse também que desconhece as escutas telefónicas alegadamente feitas a João Loureiro, adiantando que o próprio dirigente se colocou esta sexta-feira à disposição da Polícia Judiciária para prestar todos os esclarecimentos. Prometeu ainda apresentar uma participação junto do Procurador-Geral da República por ter sido quebrado o segredo de justiça e ameaçou responsabilizar os agentes da justiça relacionados com o Apito Dourado no caso de João Loureiro vir mesmo a ser constituído arguido.
Leia o comunicado do Boavista na íntegra
«Atendendo a notícias hoje publicadas na Comunicação Social, vêm a Direcção do Boavista F.C. e a Administração da Boavista F.C., Futebol, SAD, informar o seguinte:
1. Desconhecemos totalmente o facto de, supostamente, o Presidente destas Instituições ter sido alvo de escutas telefónicas;
2. Caso o tenha sido, mais uma vez é violado o Segredo de Justiça, pelo que, conforme fizemos em casos anteriores, apresentaremos a devida participação junto do Sr. Procurador-Geral da República contra quem praticou tal crime.
3. Quanto à matéria descrita, é falsa, pelo que os autores de tais notícias serão judicialmente responsabilizados.
4. Aguardamos serena e tranquilamente pelo desenrolar do processo em causa, cujos contornos e objectivos se começam a tornar evidentes.
5. No entanto, que fique muito claro:
Caso se venham a verificar as diligências futuras anunciadas em tais notícias no dito processo, provada ficará a total promiscuidade entre a Comunicação Social e os Agentes da Justiça relacionados com este caso, que não poderão deixar de ser responsabilizados por tal situação.
6. Aliás, hoje mesmo o Presidente destas Instituições remeteu cartas aos titulares do Processo, disponibilizando-se para qualquer depoimento que entendam necessário, pois, até ao momento, jamais foi chamado a fazê-lo.
7. Quanto ao mais, reafirmamos que o sucesso desportivo desta Instituição, que está na génese destas notícias e da sua envolvente, se deve exclusivamente à qualidade e profissionalismo do seu Grupo de Trabalho e, se dúvidas houvesse, o facto de o processo em causa existir há já oito meses ainda mais prova tal realidade, dada a nossa actual classificação. Reafirmamos ainda que todas estas situações e notícias ainda nos conferem mais vontade de lutar para engrandecer estas Instituições, com a dignidade e resistência que sempre tivemos contra quem, sem conseguir, nos tenta menorizar.
Porto, 17 de Dezembro de 2004
A Direcção do Boavista F.C.
A Administração da Boavista F.C., Futebol, SAD»