A Federbet, entidade com sede na Bélgica que vigia as apostas online, apresentou, no Parlamento Europeu, em Bruxelas, o relatório anual de 2015 sobre «jogos viciados», apontando que Portugal é um dos países onde o fenómeno mais cresceu na última temporada, sobretudo na II Liga.

Um dos jogos referidos no relatório é, no entanto, da Liga principal. Diz a Federbet que no Benfica-Penafiel, de 9 de maio, se registou « movimento louco e pouco lógico» das apostas online durante o encontro.

Citado pela Lusa, 
Francesco Baranca, secretário-geral da organização que representa operadores e jogadores do mercado das apostas, estranhou que esse movimento tenha tido o «handicap» de apontar para pelo menos quatro golos (o resultado foi de 4-0). «P rovavelmente o Benfica até foi vítima», considerou Baranca à Lusa, insistindo um resultado viciado não significa que todos os intervenientes no jogo tivessem tido conhecimento.

O secretário-geral da Federbet classificou a II Liga portuguesa como uma competição «doente».

O organismo que representa casas de apostas europeias anunciou que vai apresentar queixa na justiça portuguesa sobre os encontros identificados como tendo sido muito provavelmente viciados, incluindo um «jogo-fantasma» particular, que nunca chegou a ter lugar, mas que ainda assim teve um resultado final, envolvendo o Freamunde.

No relatório de 2015, a Federbet – que no passado apontara para fortes suspeitas de “resultados combinados” em três jogos da II Liga portuguesa, todos envolvendo a Oliveirense – indica que um dos países onde se verificou um maior aumento de casos suspeitos é Portugal, o que atribui provavelmente à crise.

Em declarações à Lusa, o secretário-geral explicou que cabe às autoridades nacionais investigar, disponibilizando a Federbet todos os dados recolhidos, tendo o organismo decidido a partir de agora não esperar e avançar com queixas, para forçar investigações, o que vai acontecer em Itália, Espanha, Portugal e Bélgica.

Cinco milhões de «apostas sujas» por jornada

A Federbet estima que, dos cerca de 40 milhões de euros apostados por jornada nas duas principais ligas portuguesas, cinco milhões sejam «apostas sujas», ou seja, com conhecimento de resultados viciados.

De acordo com o relatório anual de 2015 sobre resultados viciados, hoje apresentado no Parlamento Europeu, em Bruxelas, as apostas na I Liga portuguesa representam, em média, por jornada, 30 milhões de euros, e na II Liga rondam os 10 milhões de euros, estimando o organismo que a manipulação de resultados represente respetivamente três e dois milhões de euros.

Considerando que a situação de crise económica do país representa um terreno fértil para o crescimento do fenómeno de jogos viciados – face às situações de quase falência de clubes ou de salários em atraso de jogadores -, a Federbet aponta que muitas das apostas relativas a jogos suspeitos em Portugal são oriundas de Nápoles e Reggio Calabra, uma cidade onde há uma sólida presença da organização mafiosa Ndrangheta, que foi acusada de ser protagonista na investigação sobre resultados falseados em Itália.

O Maisfutebol contatou a Liga, no sentido de saber se tem conhecimento do relatório e que passos poderão vir a seguir-se, não existindo para já reações da instituição liderada por Luís Duque.   

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