Pedro Proença declarou nesta terça-feira, em conferência de imprensa na sede da federação, que o final da carreira de árbitro está dependente «da performance e do patamar a que chegar no Mundial de Clubes», que tem lugar em Marrocos, neste mês.
 
O árbitro português foi questionado diretamente sobre as razões que o levam a equacionar deixar os relvados, algo que só fará «depois de avaliar a questão com Fernando Gomes», presidente da Federação Portuguesa de Futebol [FPF]. O juiz de Lisboa explicou que tem a ver com «com aspetos motivacionais e carreira profissional, para além de aspetos pessoais» de Proença.
 
«Tenho noção que transporto uma responsabilidade de ter conseguido grandes feitos, não só eu como a equipa que me acompanha. Esta atividade tem um desgaste muito grande e quando chegamos a um grande patamar, queremos outros desafios», acrescentou.
 
Nesse sentido, o árbitro lisboeta foi questionado sobre se já não tem motivação para dirigir jogos do campeonato nacional. Uma ideia que refutou: «Não tem a ver com isso, tem outra perspetiva. A forma como preparo jogos cá é igual aos que preparo internacionalmente. O desgaste obriga-me a estar disponível para fazer um trabalho de grande qualidade. Se isso acontecer [terminar a carreira], toda uma geração de árbitros dará seguimento a um trabalho que não começou em mim. Gostava de lembrar, por exemplo, árbitros como Vítor Pereira ou Olegário Benquerença.»

A ambição de Proença para Marrocos é clara. «Vamos com intenção de desempenhar papel positivo e com esperança de poder arbitrar a final», assumiu.
 
A polémica entrevista que concedeu a visar diretamente o presidente do Conselho de Arbitragem, Vítor Pereira, levou Proença à sede da FPF nesta segunda-feira, para uma reunião com aquele dirigente.
 
O árbitro lisboeta não acrescentou nada àquilo que disse na véspera. «Expus os meus pontos de vista, as situações ficaram esclarecidas e além daquele comunicado, não há mais nada a dizer.»
 
Uma das questões levantadas teve a ver com os lóbis que podem ter levado à escolha de Nicola Rizzoli para apitar a final do Mundial 2014, entre Alemanha e Argentina. Proença sentiu que se podia ter ido mais longe, nesse sentido?
 
«Nestas coisas, e depois de ter estado no Mundial, gosto de elogiar o que fizemos. Se calhar, podia ter sido feito mais. Mas fiquei satisfeito com a nossa prestação. Saímos altamente satisfeitos. O feedback foi muito positivo. Tinha sido o melhor árbitro do Mundo em 2012. O currículo dava todas as condições para ser candidato à final. Não aconteceu, a história já é outra», rematou.
 
Mesmo que não o diga já, o discurso de Proença é quase de despedida. Questionado sobre se tem alguma mágoa nos mais de 20 anos de arbitragem, o juiz respondeu: «Sinto-me um árbitro privilegiado pelo que fiz. Podia ter conseguido mais e gostava de ter conseguido mais. Mas fiz muita coisa boa. Olhando para o meu registo, sou o árbitro português com maior currículo que alguma vez existiu. É um orgulho.»
 
No final, espaço para um lamento em relação ao clássico de 14 de dezembro, entre FC Porto e Benfica. «Tenho muita pena de não poder estar nos selecionáveis, porque é nesses jogos que gostamos de estar. Tenho a certeza de que o colega que vai estar terá excelente prestação. Nós temos excelentes árbitros em Portugal. Desejo grande qualidade, preparação no trabalho e pontinha de sorte.»