O que levou à aprovação em AG da Liga de ideia que levanta tantos anti-corpos (sobretudo dos árbitros, mas também de outros setores?)

Em entrevista recente ao jornal «O Jogo», Pinto da Costa, presidente do FC Porto, um dos principais promotores da proposta aprovada a 29 de junho, explicou: «O mal não está nos árbitros, está no critério das nomeações. Repare que chegámos ao final da primeira volta e o senhor Manuel Mota tinha arbitrado três jogos do FC Porto. Três! E havia vários internacionais que não tinham apitado nenhum. Parece-me um critério difícil de justificar, para dizer o mínimo. Aliás, já pedi uma justificação para isto e não ma deram.» 
 
Bruno de Carvalho, outro forte promotor, apontou, após a aprovação em AG da Liga: «Quando temos do nosso lado a força da razão, a persistência torna-se uma obrigação moral. Desta vez com o sabor especial de uma vitória que não pertence ao Sporting Clube de Portugal mas ao futebol português que é o grande vencedor do dia».
 

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Já houve sorteio em dois momentos diferentes no futebol português, embora a ideia por vezes renasça, sobretudo nas fases de maior polémica envolvendo decisões de arbitragem em jogos dos três grandes.

O primeiro foi no início dos anos 90, antes ainda do caminho para a separação do futebol profissional para a esfera da Liga.

Foi entre 1991 e 1993, com Fernando Marques como presidente do então designado Conselho Nacional de Arbitragem.

Em entrevista concedida à Rádio Renascença, em abril de 2013, Fernando Marques, hoje com 85 anos, lembrou:

«Quase todos os clubes ligavam a pedir árbitros. Os clubes não se entendiam e tive que tomar uma atitude: fazer o sorteio. Fiz o primeiro sorteio público em Portugal. E orgulho-me de ter sido um sucesso. Os jornalistas tiravam as bolas. O sorteio era condicionado. Não poderia ser puro. Um principiante num jogo de elevado grau de dificuldade como um clássico tem de ser um internacional ou um pré-internacional. Era contraproducente ser de outra forma. Mas nunca se fez um sorteio com menos de três árbitros».


Fernando Marques foi o autor de expressão que ficou na memória do futebol e da arbitragem portuguesa: «Um árbitro que apitasse mal num jogo ia para a 'jarra’».

Jorge Coroado, na altura um dos principais árbitros portugueses (a par de Vìtor Pereira), utilizou expressão sarcástica, intitulando-se de «bolinha», pelo facto do seu nome entrar semanalmente num sorteio.
 
O regresso ao sorteio em 1998
 
No final da década de 90, em clima de forte suspeição na arbitragem, lá voltava o sorteio.

Na altura, curiosamente, FC Porto e Sporting (principais promotores do sorteio em 2015), votaram contra, tal como de Belenenses e V. Guimarães. Vigorou até 2002/03, época em que foram retomadas as nomeações (até agora).

Os sorteios eram públicos, abertos aos media, realizavam-se na sede da Liga, sendo que as «bolinhas» eram tiradas por dirigentes de clubes. 


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