Arshavin é conhecido por não ter papas na língua. O russo não tem medo das palavras e não tem medo de ter opinião. Este sábado, numa entrevista ao jornal The Times, abriu o livro. Não aceitou, por exemplo, que se exija aos jogadores serem modelos e garantiu que todos eles têm o direito de viver a vida.
«Toda vida tenho ouvido as pessoas dizer que devemos ser um exemplo. Que não podemos fumar, beber ou praguejar porque as crianças copiam-nos. Querem que vivamos como monges, mas isso é impossível. Todo o mundo tem direito a viver como lhe apeteça. Isso é o que significa ser humano», disse.
«Entendo que temos responsabilidades, claro. Mas não creio que seja bom deixar de fazer algo por medo do que digam as pessoas. O problema não é a fama ou o dinheiro, porque se recebeste uma boa educação, estas coisas não te corrompem. Se trata de colocar os valores correctos acima de tudo.»
«Não é culpa minha se ganho muito dinheiro»
Dinheiro, agora. Arshavin reconhece que os jogadores ganham muito, mas diz que a culpa não é deles. «Se não vives perto do futebol profissional, fica muito fácil dizer que se paga demasiado a um jogador para dar uns pontapés na bola. Mas digo a essa gente que calce umas chuteiras e nos mostre o que sabe fazer.»
Mais do que isso, porém, o russo do Arsenal lembra que os jogadores são a parte mais visível de uma indústria que gera muito mais do que paga. «Não é culpa nossa. Não devem fazer-nos sentir como criminosos porque se os clubes nos pagam tanto é porque sabem que connosco ganharão muito mais.»
«Um campeão olímpico de esqui pode queixar-se por ganhar metade do que ganha o trigésimo melhor futebolista do mundo, mas o que podemos fazer? O futebol é o melhor e mais competitivo desporto no mundo, por isso se paga tão bem: porque toda a gente se interessa por nós e pelo que fazemos no campo», adiantou.
«Em Inglaterra a imprensa mata a selecção»
Numa longa entrevista, houve ainda tempo para os mexericos. Ora nesta altura, falar de mexericos é falar da zanga entre John Terry e Wayne Bridge, por causa de uma mulher. Arshavin não quer saber da vida privada dos outros, mas parte desse caso para uma análise bem mais profunda do que se passa no futebol inglês.
«Aqui, a imprensa está a matar a selecção com o nível de intrujice. Toda a gente quer ver a Inglaterra ganhar o Mundial, mas destroem a selecção. Dentro de pouco veremos meterem uma câmara nas calças dos jogadores só para conseguir uma história. Deviam deixar em paz as estrelas e dar-lhes a liberdade de ser humanos.»