Há dezassete anos que o At. Madrid não estava nos quartos de final da mais importante prova de clubes da UEFA. A última vez tinha sido na época 1996/97 tendo o clube espanhol sido eliminado pelo Ajax nessa fase da prova. Com dois triunfos sobre o Milan (4-1 nesta terça-feira depois da vitória por 1-0 na 1ª mão), os «colchoneros» voltam a estar entre os oito melhores da Europa.

A época tremenda que o Atlético de Diego Simeone está a fazer quer a nível interno quer nas competições europeias deixou o FC Porto como uma das vítimas da equipa espanhola na fase de grupos – onde registou cinco vitórias e um empate (em casa do Zenit São Petersburgo). Agora, vai em sete triunfos em oito jogos.

Nas duas presenças anteriores à desta época na Liga dos Campeões, o Atlético, pelo contrário, tinha caído na prova por responsabilidade dos dragões portugueses. Em 2009/10, Chelsea e FC Porto conquistaram os dois primeiros lugares na fase de grupos e, em 2008/09, os portistas eliminaram a equipa de Madrid nos oitavos de final.

A anterior participação do Atlético na Champions é aquela com que se começou este texto: a de 1996/97 (no formato inicial da Liga dos Campeões), que tinha dado os últimos quartos de final, garantidos logo após a primeira fase de grupos – há 17 anos, como se disse.

As marcas de Aragonés

Pelo que aqui já foi enumerado, fica nova marca quebrada agora pelo Atlético: desde a época 1977/78 (a participação imediatamente anterior à de 1996/97 ainda com designação de Taça dos Clubes Campeões Europeus) que os «colchoneros» não passavam uma eliminatória na prova de clubes mais importante da UEFA. Como se viu, todas as passagens a uma fase seguinte foram conseguidas numa fase de grupos.

Em setembro de 1977, o Atlético eliminou o Dínamo Bucareste na primeira eliminatória da Taça dos Campeões e foi depois, já em março de 1978, eliminado nos quartos de final pelo Brugge. Feitas mais contas, era há 37 anos que os espanhóis não passavam de fase numa ronda a eliminar nesta competição. O treinador dessa equipa de 1977/78 era Luis Aragonés, falecido no passado mês de fevereiro.

Luis Aragonés era também o recordista de jogos na Liga dos Campeões entre os jogadores que vestiram a camisola do At. Madrid. Era e ainda é. Mas já não é sozinho. Raúl Garcia igualou nesta terça-feira o recorde de 21 jogos na Champions. E fê-lo com o mesmo nº8 nas costas da camisola «colchonera» que Aragonés vestiu. Raúl Garcia assinalou essa marca com um dos golos da noite, mas o médio viu também um cartão amarelo que o deixa de fora dos quartos de final.

Arrivederci Champions

Fora de prova ficou também o Milan. E, com este resultado na eliminatória, já não há equipas italianas nos quartos de final da Liga dos Campeões nesta época – algo que não acontecia desde 2008/09. Esta marca negativa de âmbito transalpino apenas acentua de forma geral a perda de competição do futebol italiano na Europa.

Em relação aos rossoneri em concreto, a azia em relação aos espanhóis já vem desde há mais tempo. E acentuou-se mais, claro. Desde 2007 que o Milan não sabe o que é ultrapassar uma equipa espanhola. Nem sempre ficou pelo caminho mesmo tendo piores resultados – como acontece nas fases de grupos – e uma vez teve melhores (num parcial que não serviu de nada).

Desde que ganhou a Supertaça Europeia ao Sevilha, o saldo é claramente negativo entre o Milan e os seus adversários espanhóis. Em 2009/10, o clube de Milão cruzou-se com o Real Madrid e voltou a encontrar-se com um emblema espanhol pelos menos uma vez em todas as épocas até à data. Nessa temporada de 2009/10, o Milan até ganhou em Madrid e empatou em casa na fase de grupos, mas acabou por ficar em segundo no agrupamento (sendo eliminado pelo Manchester United na fase seguinte).

Duplos confrontos sempre a perder

Na época 2010/11 repetiu-se o confronto com o Real Madrid. E, desta vez, repetiu-se o primeiro lugar dos espanhóis no grupo, mas já com vantagem para os «merengues» nos jogos entre os dois clubes – o Milan seria eliminado pelo Tottenham nos oitavos de final. A temporada seguinte marcou um duplo confronto com o Barcelona em fases distintas da mesma Champions.

Em 2011/12, o Barcelona foi o primeiro classificado de agrupamento tendo tido vantagem também sobre os italianos nesses primeiros dois jogos. Milaneses e catalães voltaram a cruzar-se depois nos quartos de final. O Barça voltou a ser mais forte.

Os duplos confrontos do Milan com espanhóis voltaram a repetir-se logo na época seguinte, em 2012/13. E com resultados idênticos: resultados desvantajosos com o Málaga na fase de grupos e segundo lugar atrás dos andaluzes; e eliminados a seguir nos oitavos de final, novamente pelo Barcelona.

A terceira dupla desvantagem para com os clubes espanhóis em temporadas consecutivas é a que termina no presente. Depois de um segundo lugar no grupo que o Barcelona ganhou (com vantagem no conjunto dos jogos), o segundo lugar fez o Milan cruzar-se com o At. Madrid e o resultado que se conhece. Como síntese, o total de jogos do Milan com espanhóis na história das provas europeias já deixa os italianos com 18 vitórias, 13 empates e 24 derrotas em 55 jogos disputados (com 74 golos marcados e 83 sofridos).