O chamado «caso» Carlos Calado colocou o atleta e o seu treinador, Fausto Ribeiro, de costas voltadas com a Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) por causa do estatuto que o atleta tem no plano preparação olímpica (Prepol). A federação integrou Calado na categoria de semi-finalista, Calado queria manter o estatuto de medalhado, uma diferença que implica bolsas mensais distintas.
O Regulamento de Acesso ao Percurso e Estatuto de Alta Competição de 2004 da FPA estabelece que o atleta com o estatuto de medalhado recebe 1250 euros mensais, enquanto o semi-finalista tem direito a 750 euros.
As verbas distribuídas pela FPA são determinadas de acordo com o desempenho dos atletas e este é um dos pontos da discórdia. O atleta reclama continuar com o estatuto de medalhado de que goza desde os Mundiais de Edmonton, onde conquistou uma medalha de bronze no salto em comprimento, e argumenta com a lesão que o impediu de estar nos Mundiais de Paris. A FPA reclama falta de assiduidade aos treinos e também o facto de o atleta não residir no Centro de Alto Rendimento, apesar de o ter solicitado no início da época.
O atleta reuniu-se com a FPA em meados do mês de Janeiro para debater a questão, mas o caso continua por resolver até porque Carlos Calado resolveu pedir ao Comité Olímpico de Portugal (COP) uma autorização para competir por outro país. Uma pretensão que não será, no entanto, autorizada.
De qualquer forma, da parte do COP há também a confirmação de que a federação de atletismo não está sozinha no processo. «Para baixar de categoria, não basta o parecer da federação. Ele foi avaliada aqui no Comité e foi homologado pelo IDP [Instituto de Desporto de Portugal]. Aceitámos as razões da federação», frisa Vítor Fonseca da Mota, secretário-geral do COP.
Ainda relativamente a este caso, o responsável do COP realça que os regulamentos prevêem a possibilidade de o atleta receber retroactivamente o valor das bolsas, no caso do seu desempenho superar a categoria em que está inserido.