Nélson Évora afirmou que a naturalização do atleta do Benfica Pedro Pablo Pichardo foi um ataque pessoal.

«Foi feito por questões clubísticas e com o objetivo de ataque pessoal quando não houve nenhuma má intenção da minha parte na mudança de um clube para o outro. Foi o próprio clube que foi negligente com a minha pessoa. Não sei porque é que deram a volta ao mundo para fazer esta borrada», disse em entrevista ao Jornal do Sporting Nélson Évora, que em 2016 deixou o clube encarando e assinou pelos leões.

Recorde-se que Pichardo adquiriu nacionalidade portuguesa em novembro de 2017, alguns meses depois de ter desertado de uma concentração cubana e ter sido, pouco depois, anunciado como reforço para o atletismo do Benfica.

«Por interesses clubísticos fizeram-se coisas inacreditáveis. O Sporting é conhecido por dar a nacionalidade à Naide Gomes, que quase nasceu em Portugal, e ao Francis Obikwelu, que desertou aqui no Campeonato do Mundo de juniores. Até serem portugueses passaram por um processo, perderam competições. Por isso, deixou-me um pouco indignado. Não só pelas madrugadas que perdi [para obter a sua naturalização aos 18 anos], mas também pelas pessoas que estão aqui há muitos anos a lutar pela nacionalidade e não conseguem», acrescentou Nélson Évora, frisando que «todos têm o direito de mudar de nacionalidade».

E recordou o seu próprio processo. «Cheguei a Portugal com seis anos. O meu pai já tinha pedido o processo de naturalização dele bem antes de eu nascer», contou o atleta. «Com dez anos foi pedido o meu processo de naturalização e só com 18 anos é que consegui. Foram muitas madrugadas a ir para os registos pedir documentos, traduções... foi um processo longo do qual me orgulho porque quando me deram o documento português por vias legais eu já me sentia português há bastante tempo».