Desde 2009 que nenhum outro jogador que não Roger Federer, Rafael Nadal, Novak Djokovic ou Andy Murray ganhava um torneio major - a última vez tinha acontecido quando Juan Martín del Potro venceu o Open dos EUA. Voltou a acontecer neste domingo quando Stanislas Wawrinka venceu o Open da Austrália derrotando na final o tenista espanhol... pela primeira vez.

Esta foi mesmo a primeira vez que Wawrinka conseguiu ganhar um set a Nadal, 12 encontros depois. E o suíço conseguiu a primeira vitória frente a um nº1 do mundo com a estreia a ganhar um torneio do grand slam – naquela que foi a sua primeira final; ele que, até agora, no World Tour, só tinha ganho cinco torneios ATP 250.

O triunfo de Wawrinka na Austrália não só retirou a hipótese a Nadal de igualar Pete Sampras com o 14º titulo num major (Federer é o recordista com 17), como, ao eliminar Novak Djokovic, o suíço deixou o sérvio sem uma vitória num grand slam desde 2010. Ganhando a Djokovic (quartos de final), Tomas Berdich (meias-finais) e Nadal (final), o oitavo cabeça de série do torneio conseguiu também pela primeira vez ganhar consecutivamente a três jogadores do top ten.

Desde 1993, quando Sergi Bruguera venceu Roland Garros batendo Pete Sampras e Jim Courrier, que um jogador não vencia o nº2 (Djokovic) e o nº1 (Nadal) num major. Wawrinka estrou-se também a ganhar um torneio do grand slam 36 presenças depois, algo só superado por Goran Ivanisevic quando o croata ganhou em Wimbledon (2001) ao seu 48º grand slam.

A passar Federer nas tabelas

O patamar atingido pelo tenista de Lausanne vai permitir-lhe também pela primeira vez ser o nº1 da Suíça ultrapassando Roger Federer. Wawrinka vai mesmo subir no ranking ATP para nº3 do mundo (Federer cairá para 8º, onde estava o seu compatriota). Tomas Berdich manter-se-á em 7º, Andy Murray será 6º, David Ferrer 5º, Del Potro 4º, enquanto os dois primeiros lugares continuam inalteráveis.

Rafael Nadal tem o primeiro lugar do ranking bem seguro durante vários meses pois garantiu mais de 3.700 pontos de vantagem sobre Djokovic – 14.330 contra 10.620. E o espanhol tem «apenas» 1.900 pontos para defender até começar a época europeia de terra batida (em abril) – altura em que no ano passado regressou à competição depois da longa lesão e começou a ganhar torneios em grande.

Abaixo dos 6.000 pontos surgirá depois do par da frente Stanislas Wawrinka. Há várias lutas que vão continuar depois do primeiro grande torneio do ano. Mas os atores aumentaram. A pressão que impedia Stanislas Wawrinka de triunfar nos momentos decisivos começou a ser libertada nos «quartos» da Austrália frente a Djokovic e teve a sua consumação neste domingo.

Federer voltou a não chegar à final; o regressado Murray ficou pelos «quartos»; os dois maiores favoritos foram também batidos. Wawrinka abriu a porta aos «underdogs» (os que não não os grandes favoritos) e mostrou que eles - os «outros» do
top ten - terão palavras a dizer na época que agora está a começar. Palavras como as que o suíço tem tatuadas no braço, citando o dramaturgo Samuel Beckett: «Ever tried. Ever failed. No matter. Try again. Fail again. Fail Better.» [«Tentaste sempre. Falhaste sempre. Não importa. Tenta outra vez. Falha outra vez. Falha melhor.»]




No torneio feminino da Austrália, Li Na não foi uma estreante a inscrever o nome entre os consagrados dos grand slam. Já o tinha feito em 2011 quando venceu Roland Garros. Mas o Open da Austrália deste ano não deixou também de ter as favoritas de segunda linha a imporem-se à custa das principais candidatas: e estas eram a nº1 mundial, Serena Willimas, e a bicampeã em título e nº2 do mundo, Victoria Azarenka.

Serena caiu nos oitavos de final frente a uma (aparentemente) renovada Ana Ivanovic. Azarenka foi até aos «quartos». A derrota da bielorrussa com a nº5 Agnieska Radwanska (5ª pré-designada) não é uma surpresa assim tão grande. A derrota da norte-americana também poderia ser entendida também melhor não fosse a sérvia ter sido eliminada por uma das revelações da prova: Eugenie Bouchard.

A canadiana de 19 anos chegou às meias-finais e mostrou-se assim como uma das candidatas a fazer figura durante o ano. Assim como a romena Simona Halep (22 anos) foi correspondendo às expectativas. Dominika Cibulkova deu à Eslováquia a primeira final de um major, mas se se mostrou capaz de mostrar a sua força frente a Radwanska também viu as forças faltarem-lhe para enfrentar as mais fortes de todas.

A par das duas primeiras coloca-se agora Li Na, vencedora do primeiro grand slam do ano e a nova nº3 do mundo. Maria Sharapova perdeu esse lugar e caiu para o 5º, sendo também ultrapasada por Radwanska. Serena continua líder destacadíssima com 13.000 pontos, mas Azarenka, com 6.581 pontos, já tem a chinesa muito perto, com 6.570. E a nova campeã da Austrália, aos 31 anos, garante que não quer ficar por aqui.