O F.C. Marco despediu-se da competição sénior no final da temporada 2006/07. Em queda nos últimos anos, a equipa parou na II Divisão - Série B mas conseguiu contornar as dificuldades e terminar na 9ª posição. A esperança mantinha-se, poderia chegar alguém com capacidade para salvar o clube, mas tudo se esfumou em Setembro de 2007, após sucessivas faltas de comparência no arranque da nova época.
O esforço de jogadores como Bruno Ferraz ou Pedras tinha sido em vão. Com Paulo Antunes, ex-secretário-técnico, no comando da equipa, o F.C. Marco manteve-se em competição a custo, na temporada passada. A falta de dinheiro, numa época em que receberam apenas dois meses e meio de salários, fazia-se notar a vários níveis.
Uma carrinha que não vingou
Os jogadores que moravam longe de Marco de Canaveses chegaram ao ponto de faltarem a treinos, uma vez que os trocos nem chegavam para o gasóleo. «Fui sempre aos treinos, mas houve alguns jogadores que faltaram porque não tinham dinheiro para pagar a gasolina. Houve uma altura do campeonato em que arranjaram uma carrinha para nos vir buscar ao Porto, mas isso acabou num instante», relata o avançado Pedras, formado no F.C. Porto.
Pedras tinha passado pelo Dragões Sandinenses, outro clube em enormes dificuldades, mas encontrou uma realidade ainda pior no Marco, onde esteve apenas por um ano. Bruno Ferraz, por seu turno, convivia com a realidade do emblema marcoense desde 2004: «Nesta última época, sabia que havia casos difíceis, jogadores que não iam treinar porque não tinham dinheiro para gasóleo, para almoçar fora. A minha principal preocupação era em termos futuro, estar minimamente preparado para embarcar num novo desafio.»
«Em termos desportivos, a época correu muito além do que as pessoas estavam à espera. Com ordenados em atraso, jogadores que foram saindo ao longo da época, acabou por ser um bom trabalho. Havia sempre alguém a dizer que o clube não ia acabar. Este ano, só assinei pelo Freamunde em Outubro. Tentei resolver a minha vida sem esperar pelo F.C. Marco. Nos últimos dois anos, os salários em atraso foram sempre subindo, chegaram a ser cinco meses ou seis em atraso. São situações muito difíceis, é muito tempo sem receber. Valeu-me a ajuda da família», acrescenta o experiente defesa.
Pedras, um apelo ao coração em Janeiro
Face às dificuldades, vários jogadores procuraram a saída em Janeiro de 2007. Roberto saiu para o Varzim e está actualmente no V. Guimarães, Loukima partiu para a Olhanense mas, entre a razia, Pedras aceitou ficar. Goleador com provas dadas, o avançado rejeitou um convite do Sp. Covilhã para não afastar a sua equipa das balizas adversárias.
«Estive para sair em Janeiro, para ir para o Sp. Covilhã, mas as pessoas do clube disseram-me que, se eu saísse naquela altura, nem valia a pena jogar porque ficavam sem avançados. Fizemos um acordo para me pagarem o que deviam. Felizmente, conseguimos a permanência, mas depois levámos uma enorme chapada no final da época, que foi fecharem as portas e descerem na secretaria. Mesmo entre os próprios directores, já se notavam alguns desentendimentos», concretiza Pedras que, após 11 golos na II Divisão, decidiu aceitar o convite do Fiães, onde é orientado pelo ex-colega Bizarro.