Mario Götze vai voltar ao Signal Iduna Park pela primeira vez desde que virou costas ao clube onde cresceu, para assinar pelo Bayern Munique. Fazem-se apostas sobre a receção que os adeptos do Dortmund lhe reservam. Não vai ser simpático para ele, seguramente. Ainda que os responsáveis do Borussia já tenham vindo apelar aos adeptos para deixarem Götze em paz. Eles sabem que têm muito mais com que se preocupar no grande clássico deste sábado, às 17h30.

Mas dificilmente Götze deixará de ser o centro das atenções, sobretudo se Pep Guardiola decidir colocá-lo de início. É provável, porque depois de ter começado a época lesionado, o jovem médio tem vindo a ganhar espaço. Além disso, Guardiola não tem Ribéry nem Schweinsteiger. Para já, Götze jogou sete dos 12 jogos do Bayern na Bundesliga, apenas quatro a titular. Não é figura de proa na equipa de Guardiola, mas tem vindo a crescer.

Toda a gente tem opinado sobre o regresso de Götze a Dortmund, sete meses depois de ter deixado o treinador Jurgen Klopp incapaz de pronunciar uma palavra, quando soube, logo depois de se ter apurado para a meia-final da Liga dos Campeões, que o Bayern tinha batido os 37 milhões da cláusula e que iria ver sair no final da época o jogador que estava em Dortmund desde os nove anos.

O próprio Götze já falou sobre o que espera da tarde de sábado: «Não tenho medo. Mas será um dos momentos mais difíceis da minha carreira.»

O selecionador alemão acredita que Gotze tem força mental para lidar bem com o que quer que o espere. «O Mario não se deixa afetar pelas emoções nestas situações, não é algo a que ele seja suscetível», disse Joachim Low.

Mas o conselho do antigo guarda-redes Jens Lehmann, que foi jogador do Dortmund, dá uma ideia do ambiente que poderá esperar Götze: «É melhor ele não marcar cantos nem lançamentos, tentar manter-se perto do centro do campo. E levar proteções nos ouvidos.»

Götze é só mais um ponto quente do confronto de sábado. Nem seria preciso ele para tornar este no grande jogo do fim de semana. São os dois finalistas da Liga dos Campeões, os treinadores do momento, duas filosofias de jogo em confronto. Jurgen Klopp contra Pep Guardiola. Ou, como diria Klopp, a propósito do Arsenal mas já a lançar a batalha com Guardiola, heavy metal contra uma orquestra.

O Bayern e Gotze vão tentar fazer algo que não têm conseguido nos últimos anos. Se as contas gerais dos confrontos entre os dois atuais grandes do futebol alemão ainda são largamente favoráveis aos bávaros, nos últimos anos o Dortmund virou a balança para o seu lado.

A última vez que o Bayern venceu o Dortmund para o campeonato foi em 2010. Nas duas épocas em foi campeão, 2010/11 e 2011/12, o Borussia venceu os dois jogos, em casa e fora. Na temporada passada ambos os jogos terminaram empatados.

Será difícil para o Bayern, mas o «timing» do jogo não podia ser pior para o Dortmund.

O Borussia Dortmund e Jurgen Klopp encurtaram nos últimos anos a distância para o gigante bávaro, até à final da Liga dos Campeões da última época, que o Bayern venceu por 2-1. Depois, o Dortmund até lhes ganhou o primeiro jogo desta época, a Supertaça (4-2), na estreia oficial de Pep Guardiola. 


Mas quatro meses depois a situação é diferente.

O Bayern está lançado na Bundesliga, acabou de igualar o recorde de jogos sem perder (nada menos que 37), e leva quatro pontos de avanço sobre o Dortmund. Já está tranquilamente apurado na Liga dos Campeões, até fevereiro não tem que se preocupar com a Europa. Se vencer o Dortmund neste sábado, ganha uma vantagem de pontos, e também psicológica, que pode ser decisiva.

Para mais, Klopp ficou sem defesa. Já não tinha o central Subotic, que se lesionou com gravidade há 15 dias, e tem o lateral Piszczek a regressar apenas agora de lesão. Pior, Hummels e Schmelzer lesionaram-se na seleção e não jogam. Alerta vermelho em Dortmund, tanto que a meio desta semana o clube foi contratar o central Manuel Friedrich, de 34 anos, que estava desempregado. É que, para mais, logo depois do Bayern há o confronto decisivo da Liga dos Campeões com o Nápoles.

A história da seleção só contribuiu para aquecer o ambiente antes do jogo. O selecionador Joachim Low dispensou Neuer e Lahm, jogadores do Bayern, da partida com a Inglaterra, esta semana, mas manteve todos os jogadores do Dortmund concentrados.

O caso alimentou discussões sobre o poder que o Bayern tem no futebol alemão e deu novos argumentos ao Dortmund, a equipa que muitos na Europa veem como o «underdog» perfeito, simpático e desafiador. Recentrou o tema nas diferenças entre ambos. O gigante e o outsider, a orquestra e o metal. 

E entretanto, enquanto não começa, veja como se alimenta a expectativa para o grande jogo. Uma proeza dos jogadores do Bayern no autocarro:

 

A imitar outra do Dortmund, protagonista da ideia original