A notícia de que FIFA vai compensar o Real Madrid em mais de 3 milhões de euros, devido à grave lesão sofrida por Khedira no particular entre a Itália e a Alemanha foi o sintoma mais notório dos efeitos do temido «vírus FIFA» nesta dupla jornada dedicada aos jogos internacionais de seleções.

Numa das semanas mais complicadas da época para os treinadores de equipas de topo, não é só o tempo de ausência dos principais jogadores a condicionar-lhes o trabalho. Numa altura em que os campeonatos e as provas europeias de clubes começam a entrar em zona de decisões, o risco de lesões graves vai tirando o sono a muito boa gente.

A lesão de Khedira


A começar, provavelmente, por Carlo Ancelotti, que vai ter de modificar o seu plano de ataque à temporada, com a certeza de que o médio alemão não voltará a jogar antes de maio. Depois da notícia, duríssima, o técnico italiano deve ter ficado à beira de uma apoplexia quando viu Xabi Alonso sair lesionado do jogo com a Guiné Equatorial, no sábado. Mas a notícia de que a lesão não era, afinal, tão grave como parecia, foi estragada pela saída forçada de Fábio Coentrão, que deixou o relvado de Solna com uma microrrotura na perna direita, depois de jogar em sacrifício longos minutos na vitória sobre a Suécia. A baixa confirmada para os próximos jogos junta-se à indisponibilidade de Marcelo, também a recuperar de lesão, para complicar o quadro defensivo dos merengues.

Nada comparável, porém, com os problemas enfrentados por Jürgen Klopp, que em menos de um mês ficou com a defesa dizimada. Subotic já tinha sofrido uma grave lesão, Pisczek também estava fora de combate, mas os jogos da seleção alemã, com a Itália e Inglaterra, fizeram o resto: Hummels, que partiu um dedo do pé, vai parar por mais de um mês, e Schmelzer fica fora de combate por três semanas, levando o clube a uma contratação de emergência, o veterano defesa Manuel Friedrich, que estava sem clube. O cenário não melhora se pensarmos que o Dortmund recebe o Bayern Munique neste sábado, três dias antes de decidir o futuro na Liga dos Campeões, com o Nápoles. E que o selecionador alemão, Joachim Löw, tinha dispensado do segundo particular, com a Inglaterra, vários jogadores chave do Bayern...

Em situação parecida está a Juventus, que vai fazer um contra-relógio para recuperar o defesa Barzagli, lesionado durante o Itália-Alemanha, a tempo do jogo decisivo com o Copenhaga, para a Liga dos Campeões. Para a Série A, é quase certo que não joga, tal como os companheiros de setor, Bonucci, Chiellini e Ogbonna. Já em Inglaterra, Villas-Boas terá respirado de alívio com a notícia de que, afinal, a lesão sofrida por Eriksen na seleção dinamarquesa era menos grave do que parecia. 

Em Barcelona, depois da lesão sofrida por Messi, as novas dores de cabeça estão na defesa: Victor Valdés lesionou-se e vai parar seis semanas, só voltando aos relvados em 2014. Uma lesão duplamente inglória, já que o jogo acabou por não ser validado pela FIFA (apesar de a federação espanhola ter ficado com o cachê de presença). Também para complicar a vida a Tata Martino, Daniel Alves voltou tocado da concentração do Brasil, estando em dúvida para os jogos com o Granada e o Ajax.

FIFA pode pagar até 7,5 milhões por jogador

A compensação aos clubes por lesões sofridas nas seleções foi, durante vários anos, um tema de discórdia permanente, que levou a FIFA a estabelecer, no verão de 2012, o seu programa de compensações a clubes. Nele, fica definido que o organismo que preside ao futebol mundial assegura o salário dos jogadores lesionados ao serviço das federações, desde que a lesão exceda 28 dias de recuperação – o que deixa de fora a maior parte dos casos.

O limite coberto pela regulamentação da FIFA é de 20.500 euros por dia, até um limite máximo de um ano – o que pode, num caso extremo representar uma indemnização de 7,5 milhões de euros. Khedira deverá ficar por menos de metade dessa verba, e na maioria dos outros casos, a compensação nem sequer chegará a ser acionada. Daí que os treinadores continuem a ter suores frios, à medida que vão conferindo a condição física dos seus internacionais nos treinos de regresso. E implorem a todos os santos para que sejam (ainda mais) limitadas as datas de jogos internacionais.