Continua imparável a «novela» em torno do médio Sekou Baradji, jogador da Naval actualmente suspenso e a contas com um processo por, entre outras coisas, ter faltado a vários treinos e até ameaçado o treinador e um dirigente. Depois de ter entregue a defesa à nota de culpa, o jogador volta a quebrar o silêncio e, numa nota de imprensa à qual o Maisfutebol teve acesso, relembra os problemas familiares que estão na origem do caso, nega ser causador de mau ambiente ou ter problemas psicológicos. O discurso soa, até, a despedida.
«Considero triste chegar a este ponto mas aconteça o que acontecer, não deixarei a Naval sujar a minha carreira. Irei defender-me até ao fim. Isto é de mais e há limites na vida. Pela parte que me toca, o mal está feito¿ na vida, por vezes, temos de fazer uma viragem, chegou a hora para mim de a fazer. Sei onde vou e sei o que quero. Aconteça o que acontecer, partirei de cabeça erguida. Ao contrário do que declara a Naval, não tenho problemas psicológicos, sou apenas realista e ambicioso», afirma o franco-marfinense.
O jogador declara-se «perplexo» com as acusações do clube, que considera que os seus colegas «já não o suportam», pois diz ter feito tudo, desde a chegada à Figueira, para se integrar «junto de portugueses, franceses e brasileiros», tentando sempre «criar bom ambiente no seio destas identidades diferentes». «Como tal, não vou entrar nesse jogo estúpido e infantil de certas pessoas do clube que mudam de discurso todas as manhãs e interpretam o que querem para o presidente», acrescenta.
Ainda os problemas familiares
É em estado de «choque» que Baradji diz sentir-se quando lhe imputam ter faltado a três sessões, quando se considera um profissional que «deu tudo nos jogos» durante época e meia. «Se, agora, pedir dispensa por razões familiares e pedir para falar com o seu presidente para lhe expor a situação é um crime, não há problema. Hoje, tenho a impressão de falar com pessoas que nunca tiveram problemas familiares em toda a sua vida. Orgulho-me dos meus pais e sempre estarei orgulhos deles. O mais importante para mim é a família. Avisei o treinador, no domingo, dia 31 de Janeiro, que não estava em condições de treinar pois havia vários dias que a minha família me pedia ajuda financeira e, infelizmente, eu não podia acudir-lhe pois havia dois meses que não recebia salário», sustenta.
O médio relembra ainda as tentativas de se reunir com Aprígio Santos, que lhe foram negadas, inclusive depois de lhe ter sido agendado um encontro no estádio, ao qual o presidente não compareceu.
A finalizar, elogia Augusto Inácio: «Nunca lhe faltei ao respeito e nunca isso acontecerá da minha parte com um treinador. É um bom treinador, profissional, com larga experiência, que me traz o seu saber e eu dei-lhe o máximo de mim nos treinos. Nunca me poupei nos seus treinos. Eu faço o meu trabalho e ele o dele. Fiz sempre o que me pediu. Ao contrário do que diz o clube, ele sempre me disse que tinha um bom comportamento nos treinos. Penso que se assim não fosse, ele já me teria excluído do grupo e advertido como qualquer treinador.»