Mais difícil do que se esperava. Muito por culpa de um Benfica a querer gerir o jogo em baixa rotação do que por um Feirense atrevido e a mostrar qualidades até aqui escondidas. Os encarnados descansaram sobre o golo de Nolito e depois tiveram de correr atrás dos três pontos, com alguns sustos pelo meio. Valeu a vontade de Maxi, e Cardozo, o tal que é sinónimo de golo, a aparecer para empurrar. Bruno César fechou com golo de placa (3-1) um encontro em que as transições e as compensações muitas vezes não foram bem feitas.

Cinco em cinco, e a dúvida se haverá seis em seis. Nolito tem estrela, aquela que persegue os grandes jogadores sobre a sua cabeça e que os coloca no cruzamento perfeito entre tempo e espaço. Como se o espanhol tivesse a habilidade de ler no relvado «x» imaginários a marcar o sítio onde a bola vai cair. Não faz sempre tudo bem, mas é inegável que já garantiu um espaço na história do Benfica esta época, emparelhando com um mito chamado Eusébio, que escreveu a sua também (mas nem por sombras só) pela série goleadora na sua estreia no clube.

Jorge Jesus voltou ao 4x4x2, que tantas transições já inventou, e estreou finalmente Capdevila, que parece encaixar melhor numa equipa mais ofensiva e veloz do que Emerson. O brasileiro e Witsel deverão estar destinados a alturas em que o onze precisa de mais controlo e elasticidade táctica. Sem o belga, Cardozo e Saviola retomaram a dupla, embora o argentino, sobretudo no primeiro tempo, quisesse experimentar embalar mais de trás, a partir das combinações com Aimar.

Primeira parte demasiado morna

Os encarnados encontraram no Feirense de Quim Machado um adversário sem grandes expectativas, algo macio e pouco conclusivo nas suas acções defensivas, mas, durante muito tempo, o Benfica esteve longe de cair em cima e vencer por esmagamento. A exibição foi morna, e deixando os da Feira acreditar que era possível aguentar, aguentar, aguentar e depois tentar a sorte, que acabaria por chegar no início da segunda parte.

O primeiro golo chegou relativamente cedo, e isso ajudou a que o excesso de confiança também se generalizasse um pouco. Aos 14 minutos, David Luiz voltou à Luz na pele de Maxi Pereira. O uruguaio colocou o lançamento lateral ao primeiro poste, Cardozo tocou para trás, e a bola sobrou para Nolito. O espanhol fez o resto, já se disse antes.

Muitos sustos, e poucas ideias

O intervalo chegou com a sensação de um resultado ser curto, apesar de tudo. Houve o remate ao poste de Gaitán, e umas quantas defesas de Paulo Lopes, que já justificavam mais. No regresso, o mesmo tom de apatia nem tornou surpreendente o cabeceamento de Rabiola para o empate, aos 53. Garay esqueceu-se de sair para o fora-de-jogo, mas toda a equipa tem culpas na forma como abordou a jogada.

Toda a energia que faltou antes veio depois, porque era preciso. O jogo abriu, o Benfica permitiu alguns contra-ataques que uma equipa mais experiente teria provavelmente aproveitado, mas acabaria por chegar ao mais importante: o 2-1 primeiro, e depois o terceiro golo. Antes, Jesus viu (bem) que Gaitán estava mal, e fez entrar Witsel. O golo nasce pela direita, onde estava o belga, mas resulta sobretudo do peito-feito de Maxi, que passou dois adversários, antes de cruzar para Cardozo fazer a tapinha (75).

O jogo não acabaria tão depressa quanto isso, pelo menos do lado do Benfica, que passou ainda por mais dois ou três calafrios - incluído uma queda suspeita de Ludovic na área, depois de empurrado por Javi García -, injustificáveis, antes de Bruno César ultrapassar dois feirenses e encher o pé para o golo da noite (90). Fica o resultado e o primeiro triunfo na Liga, e a ideia que há algumas coisas (e não poucas) a rever.