Este Benfica é definitivamente um caso de paixão e golos. Manteve a tendência de ano novo e continuou a resumir em vitórias os jogos que faz. Desde Dezembro, aliás, já soma onze consecutivas. Mas não é só isso: manteve também os bons princípios e uma média próxima dos três golos por jogo.

Ora aqui chegados, convém então sublinhar a palavra: golos. Esta formação de Jorge Jesus remete todas as respostas para uma espécie de reacção. Esta noite, por exemplo, não entrou bem. O Nacional fez o primeiro remate do jogo e conseguiu segurar a bola durante vários longos e raros minutos.

O Benfica marcou na primeira vez que criou perigo e virou o jogo do avesso. Foi a primeira reacção: numa jogada trabalhada que trocou as voltas ao Nacional, Garay abriu o marcador. A partir desse minuto nove surgiu o melhor do líder. Um futebol fluído e arrasador. Numa palavra: apaixonante.

Confira a ficha e as notas dos jogadores

As ocasiões de golo nasciam então com uma cadência admirável. Cardozo atirou ao poste, Rodrigo falhou com a baliza aberta e Luisão cabeceou para as mãos de Marcelo. Anunciava-se o golo, portanto, que Cardozo fez questão de confirmar no fim de uma excelente jogada de Gaitán.

Tudo simples, tudo natural. Tudo belo: um futebol de posse e circulação rápida, que explora toda a largura do relvado. É verdade que não houve Maxi Pereira (Witsel foi adaptado e não foi naturalmente a mesma coisa), mas o Benfica manteve os princípios: logo que recuperava a bola, abria o jogo.

Cardozo ou Rodrigo caíam nas alas, desatavam soluções de passe e desestruturavam o Nacional. A partir daí o futebol fluía naturalmente. Ora as coisas corriam por isso bem, num Estádio da Luz encantado como nas melhores histórias de amor. Até que Jorge Sousa viu um penalty no mínimo estranho.

O árbitro considerou falta numa queda de Barcellos com Emerson, Claudemir reduziu a diferença e provocou nova reacção encarnada. Esta ao contrário. A equipa lidou mal com o golo adversário e durante algum tempo foi o somatório de passes errados e bolas longas. O Nacional acreditou, então.

Foi coisa de dez minutos, ou pouco mais. O tempo, no fundo, que o Benfica demorou a sair do lado triste do campo e a fazer o terceiro golo. Rodrigo marcou o primeiro da noite e sossegou o futebol encarnado. A partir daí a equipa foi crescendo até construir a tal goleada que lhe fica bem esta noite.

Destaques: a figura Rodrigo na noite de Aimar e Matic

É certo que a segunda parte, já depois de Aimar ter saído para os balneários a falhar na cara de Marcelo, não começou bem, e o Nacional até ameaçou após um cruzamento de Candeias. Mas melhorou muito depois do segundo golo de Rodrigo. A partir daí deu para tudo: até para Cardozo falhar um penalty.

A formação de Caixinha pode também queixar-se de si próprio: falhou muito. Falhou demasiado, aliás. Falhou na marcação da Garay, falhou na cobertura a Gaitán antes do argentino assistir Cardozo e falhou na auto-estrada que permitiu a Rodrigo marcar o primeiro golo ainda na primeira parte.

Enfim, foi infeliz. Não explica a vitória encarnada, até porque era injusto explicar o triunfo com os erros alheios, mas ajuda a justificar a gordura dos números.O Benfica, esse, legitimou a paixão dos 53 238 adeptos que na Luz celebraram o dia dos namorados. O líder está vivo e recomenda-se.

Tem a palavra o F.C. Porto.