O Benfica-Penafiel deste sábado à noite foi um jogo com pouca história para contar, mas com muitos pormenores a marcá-lo. Os encarnados venceram por 1-0 e cumpriram assim a missão de alcançar o F.C. Porto no primeiro lugar da Superliga. O «detalhe» mais significativo foi conseguido por Argel, que passou dos assobios aos aplausos com uma cabeçada que deu três pontos como corolário mor de uma exibição bastante segura.
Mas os pormenores do último jogo do Benfica para Superliga antes da quadra natalícia começaram a notar-se um pouco antes. Além do almejado recorde para o Guiness de Pais Natal presentes (até à hora desta crónica ainda não se sabia o veredicto) os pormenores começaram logo na defesa apresentada por Trapattoni: já se sabia que Alcides ia estrear-se como titular; mas Quim também jogou os primeiros minutos no campeonato.
Na frente, o técnico dos encarnados colocou Karadas e Sokota pedindo ao médios-centro para subirem e aos extremos para combinarem com os laterais. João Pereira e Geovanni conseguiram bons resultados no primeiro tempo; Simão e dos Santos tentaram na segunda parte, mas sem a mesma acutilância. Mas os três centrais que o Penafiel apresentou na Luz deram, com mais ou menos dificuldade, conta do recado e o ataque benfiquista acabou por ser algo «macio».
Co-responsabilidade na monotonia
A equipa de Luís Castro teve notoriamente muitas preocupações defensivas e deixou desde cedo o domínio do jogo à equipa da casa. Mas, apesar de algumas trocas de bola vistosas por parte dos benfiquistas, a solução que restou muitas vezes acabou por ter de ser o rematar de longe. Depois de Wesley ter ameaçado algo mais dos visitantes perto do início, Argel respondeu aos assobios (que começaram assim que foi apresentado) com um golo, que teve de acontecer num livre. As «torres» do Penafiel já tinha preocupações suficientes com os avançados contrários e o defesa rematou como quis.
A atitude defensiva do Penafiel sobrepôs-se mesmo à desvantagem e o «tal» lance que pudesse trazer algo mais do que a derrota sem abrir a defesa nunca aconteceu. Os dois médios forasteiros foram sempre suplantados pelos respectivos opositores (com Bruno Aguiar em bom plano) e as três unidades no ataque mexeram-se muito, mas quase sempre para os lados em trocas de posição que raramente afrontaram a defesa encarnada - as substituições de Luís Castro foram mais para refrescar elementos do que para mudar o sistema.
Foi, por isso, um jogo com bastante monotonia à mistura. O Benfica mais dominador (muito mais), mas com a insegurança do clima recente a dar a sensação de que era preciso mais do que a vantagem mínima para acalmar. Mas o último passe a solicitar a concretização raramente existiu e, esta, já se disse, foi a maior parte das vezes obrigada a acontecer de longe.
A co-responsabilidade desta monotonia esteve de pleno direito com o Penafiel, que pouco mais fez do que (como tinha deixado entender Luís Castro quando se referiu aos nomes da equipa do Benfica) fazer depender a sua sorte do que não deixasse ao adversário fazer e de mais alguma coisa que surgisse. Mas não surgiu.