O Benfica fechou a pré-temporada com uma derrota, em casa (0-1), diante de um sólido Tottenham, que assim conquistou a terceira edição da Eusébio Cup. Depois de nove jogos de preparação a reforçarem um crescendo de optimismo nos adeptos, a segunda derrota, no único jogo em que a equipa ficou em branco, representou um brusco golpe de travão na euforia, como que a lembrar que as coisas a sério só agora vão começar.

Apesar dos preliminares a deixar um cheirinho a Liga dos Campeões, a primeira parte foi decepcionante. Jorge Jesus repetiu o onze que tinha triturado o Aston Villa dois dias antes, mas a dinâmica não se repetiu: a sucessão de jogos e a proximidade da estreia oficial tornavam muito difícil manter os níveis de andamento. E este Tottenham, possível adversário do Sp. Braga no play-off da Champions, tem muito mais qualidade e consistência do que os villains.

Assim, apesar de um lance promissor logo a abrir (passe a rasgar de Jara para remate cruzado de Cardozo) os primeiros 20 minutos expuseram a quase total incapacidade encarnada para as recuperações rápidas que ajudam a fazer a diferença. Por isso, foi sem aparente dificuldade que o Tottenham fez jogo igual, com o duelo de aceleras entre Coentrão e Lennon a resgatar um espectáculo aquém das expectativas.

Carlos Martins sempre no melhor

No entretanto, algumas indecisões de Roberto reacendiam interrogações antigas nos adeptos, e Ruben Amorim sentia dificuldades para estancar o seu flanco, devido às frequentes subidas de Bale, que originavam lances de dois para um. Pela positiva, Airton e Carlos Martins iam confirmando os créditos desta pré-temporada que bem podem valer-lhes a titularidade nos jogos a doer.

Pertenceram, aliás, a Carlos Martins os raros toques a reunir. Primeiro num remate ao lado após amortecimento de Jara; depois num belo contra-ataque que iniciou e concluiu, com Saviola e Cardozo também na jogada. Gomes defendeu a bomba como pode, e a recarga de Saviola, ao lado, encerrou o lance mais bonito da primeira parte.

Esperava-se o crescimento do Benfica, mas a primeira parte terminava com o gigante Crouch a ameaçar a baliza de Roberto num cabeceamento cruzado após canto de Bale. Tudo somado, era curto para as expectativas, mas compreensível pelo contexto.

A lesão de Pedro Proença ao intervalo anunciou a previsível enchente de substituições. Entre reforçar a intensidade para tentar criar mais dificuldades ao Tottenham ou gerir esforços a pensar na Supertaça, a opção de Jesus era clara. E já depois de Cardozo ter desperdiçado a única oportunidade de que dispôs, o Tottenham puxou dos galões e chegou ao golo, num bom trabalho de, prolongado por um toque de magia de Giovani dos Santos. Bale, na cara de Moreira, não falhou (54 m).

Tornava-se impossível juntar o útil - o teste exigente - ao agradável - o resultado e a exibição - e Jorge Jesus prosseguia o plano inicial. Dos titulares, só ficava em campo Carlos Martins, por sinal o melhor de todos, em mais uma confirmação do adeus de Ramires. Sem surpresa, as substituições sucessivas tiraram ainda mais fluidez à equipa e permitiram ao Tottenham manter a situação sob controlo até ao fim.

Ficha do jogo

Estádio da Luz, em Lisboa.

Árbitro: Pedro Proença (depois José Gomes)

BENFICA: Roberto; Ruben Amorim, Luisão, David Luiz e Fábio Coentrão; Airton, Carlos Martins e Aimar; Jara, Cardozo e Saviola.

Jogaram ainda: Moreira, Júlio César, Luís Filipe, Sidnei, Roderick, Fábio Faria, Javi Garcia, César Peixoto, Felipe Menezes, Weldon e Kardec,

TOTTENHAM: Gomes; Walker, Dawson, Corluka, Bale; Lennon, Jenas, Huddlestone e Modric; Giovani dos Santos e Crouch.

Jogaram ainda: Cudicini, Naughton, Rose, Naughton, Defoe e Kranjkar.

Disciplina: cartão amarelo a Jenas (63 m).

Marcador: Bale (54 m).