Resolvido? No mínimo, muito bem encaminhado. O Benfica foi a Londres arrancar uma vitória boa na primeira mão destes oitavos de final da Liga Europa 2013/14, um triunfo que não sofre contestação pura e simplesmente porque este Benfica é melhor do que este Tottenham. 

Pode não ter o mesmo orçamento, é verdade, mas que não se duvide que se equivale em talento e é muito superior em organização. Rodrigo marcou o primeiro da noite e pôs Jesus a dançar. Luisão, o melhor em campo, terá acabado com todas as dúvidas, e começou algo entre Jesus e Tim Sherwood, o sucessor de Villas-Boas.

Aliás, é bom falar de dúvidas. Porque elas quase não existem. É verdade que o nome e o orçamento dos Spurs merecem atenção para a Luz. Mas quem olhou para os 90 minutos de White Hart Lane viu um Benfica organizado, forte na saída rápida para o ataque e cómodo a defender. Ou seja, foi tudo aquilo que o Tottenham não é.

Grande parte do primeiro tempo foi jogado com um Benfica recuado, com Luisão a coordenar a defesa e Fejsa a dar uma grande ajuda a filtrar no meio-campo. O Tottenham usou e abusou também de uma estratégia já conhecida. Bola longa para Adebayor, que surpreendentemente teve Harry Kane ao lado, no ataque. Um erro de Sherwood a juntar àqueles que os Spurs tiveram no relvado.

Havia um remate muito torto para os ingleses quando Ruben Amorim fez um passe ainda maior que a exibição que fez e deixou Rodrigo com caminho aberto para a baliza. O hispano-brasileiro foi mais rápido que os defesas. O que já se sabia. E quando teve Lloris pela frente bateu o francês com um remate rasteiro e colocado. A estratégia resultava em pleno pela eficácia do camisola 19. Num jogo de uma só ocasião, Rodrigo deixou os encarnados com uma vantagem importante que colocou as águias ainda mais confortáveis num jogo que controlaram sempre e meteu Jorge Jesus a dançar na linha lateral. Estranho, insólito e curioso no treinador. 

O que se estranhava ao intervalo era o facto de o Benfica até nem ter conseguido sair com mais facilidade. Isto porque houve alguns passes mal medidos e uma ou outra decisão mal tomada na transição.

Ainda assim, previa-se que no segundo tempo haveria mais golos porque percebia-se que havia ali facilidades. Ali, na defesa inglesa. Jesus tinha optado por lançar Cardozo ao lado de Rodrigo e o paraguaio foi, de todos os que agora são segundas linhas, o que esteve menos em jogo. Já Ruben Amorim encheu o miolo com Fejsa.

Antes de o internacional português deixar nova marca no jogo, Adebayor surgiu solto na área, mas atirou demasiado torto para o que pretendia na primeira ocasião londrina. 

Depois, Ruben Amorim.  A roubar uma bola a Kane e a atirar para uma defesa de Lloris. Lance imediato, canto do camisola 6 e golo de Luisão. Os dois melhores sobre o relvado a combinarem e a colocarem diferenças entre uma equipa de futebol e um grupo de jogadores talentosos que é colocado em campo. 

Nada fazia prever o que aconteceu a seguir: o golo do Tottenham e, pasme-se, um bis de Luisão. O 1-2 veio de livre, aos 64 minutos, por Eriksen, mas Jorge Jesus mexeu logo e lançou Nico Gaitán e Enzo Pérez. A indicação parecia clara: era para tentar resolver em Londres.

Oblak fez uma defesa ainda antes de Gaitán bater um livre. Garay saltou, cabeceou, Lloris defendeu, mas Luisão foi imperador nas duas áreas e na recarga chutou a eliminatória para a Luz com uma vantagem de dois golos. Jesus mostrou três dedos para o lado oposto àquele em que se fazia a festa. Sherwood pediu satisfações.

Dentro de campo, Siqueira ainda podia ter feito o quarto e ter resolvido em definitivo a eliminatória. Se é que ela já não está…