A figura: Óscar Cardozo

Um, dois, três, quatro, cinco, seis. A conta de Cardozo é esta na Liga. Meia dúzia de remates certeiros, melhor marcador da equipa, segundo melhor do campeonato a par de Éder. Como sempre, não foi o mais elegante dos jogadores em campo. Nunca é. Mas foi letal como o mais frio dos «snipers». Marcou dois golos e se o segundo foi numa penalidade, o primeiro, descrito abaixo, demonstrou tudo aquilo que é Óscar como futebolista. Teve de ter ajuda para ganhar metros e ir para a área. Depois, dentro daquela caixa de decisão, colocou a bola no ângulo da baliza de Douglas. Desta vez não em força, desta vez não com o pé esquerdo, mas sim num cabeceamento com classe. Também começa a conhecer melhor Lima e passou-lhe a bola para o 3-0 final. O brasileiro chegou ao clube, mas, para já, na Luz, o golo continua a rimar muito com Cardozo.

O momento: minuto 37

Toscano já tinha falhado no frente a frente com Artur, Ola John já tinha mostrado pormenores, Cardozo andava, como sempre, a fazer pela vida no ataque encarnado. O paraguaio recebeu uma ligeira contestação quando esperou pela chegada de um companheiro para continuar o contra-ataque que deixou de ser rápido e foi à velocidade do Tacuara e do ajudante, Ola John. O holandês pegou na bola, viu que Cardozo já estava na área e colocou-lhe a bola na cabeça. O Tacuara ficou pregado ao chão e a rotação de pescoço e a cabeçada certeira desbloquearam por fim o marcador e colocaram justiça no resultado, com o 1-0.

A desilusão: Luisinho e Toscano

Prémio dividido entre o lateral do Benfica e o avançado do Vitória. Luisinho perdeu uma primeira bola, que não pode perder. Fê-lo de novo, mais tarde no jogo, a demonstrar que ainda tem caminho para percorrer para ganhar o lugar a Melgarejo. Ora, Jesus disse que, para a Liga, Luisinho pode ser opção, mas que na Champions é diferente. Percebe-se, por exemplo, se Toscano jogasse na Liga dos Campeões, certamente perceberia que não poderia falhar como falhou perante Artur - curiosamente, numa falha posicional de Lusinho. Mérito do guarda-redes? Sim, claro, mas a estratégia vimaranense acabou naquele momento e Toscano foi-se com ele também.

Outros destaques

Ola John

Por fim, viu a Luz. Aposta renovada no holandês, ainda um menino, e por isso com início desconfiado. Mas começou a soltar o que tem de melhor. Bola colada ao pé, estilo gingão, de futebol ainda puro, como na rua. Corpo a balançar para um lado, para o outro, a colocar incerteza no marcador direto com que pé vai definir a jogada. Fê-lo, por exemplo, uma vez com o esquerdo e levou perigo à área do Vitória; depois, com o direito meteu a bola em Cardozo, que de tão boa que ela vinha nem precisou de saltar para marcar. No segundo tempo, não passou despercebido, pelo contrário. O cruzamento para Salvio, na jogada do penalty, é dele também e depois ainda combinou bem com Luisinho, no ataque, quase sempre a demonstrar boa visão de jogo. Uma bela exibição que só não se deve engrandecer porque o rapaz é novo e ainda tem muito a provar.

Carlos Martins

Deve ser frustrante ver o físico ceder de novo, depois do enésimo regresso à equipa. O Benfica teve o internacional português de volta, mas apenas por 45 minutos. Martins nem aguentou até ao intervalo, mais uma vez substituído por lesão. Os minutos, já se sabe, são escassos. O futebol de Martins tornou-se raro pela quantidade e não pela qualidade. Essa continua lá. Na primeira parte, foi o camisola 17 que organizou o jogo e que melhor combinou com os colegas, para lhes dar bola nas alas e, mais difícil, pelo meio. Ainda tentou o remate, mas percebeu-se que não estava com total confiança naquele pontapé tremendo que tem. Depois, quando se viu André Gomes a aquecer e Martins a caminhar pelo relvado, percebeu-se que já não é só o futuro que passa pela formação da Luz. É também o presente, porque as lesões de Martins (e também de Aimar) não dão outra opção a Jesus.