O Benfica vai constituir-se como assistente do processo «Apito Dourado», decisão anunciada pelo advogado do clube numa altura em que surgem novas revelações sobre o processo que investiga suspeitas de corrupção no futebol português. Os «encarnados» ponderam levar situações reveladas na investigação à justiça desportiva.
O «Diário de Notícias» revelou esta terça-feira escutas telefónicas que indiciavam contactos relativos a jogos do Benfica na época 2003/04, envolvendo um empresário, dirigentes do F.C. Porto, Nacional e Boavista, elementos da Comissão de Arbitragem e da Liga, e que o Ministério Público interpretou como tendentes a prejudicar o Benfica.
Hoje o jornal publica vários excertos de escutas telefónicas envolvendo Valentim Loureiro e João Loureiro e indiciando pressões sobre árbitros para jogos do Boavista. Segundo o procurador Carlos Teixeira, o modo de actuação dos dois dirigentes passaria pela sugestão de nomes mas também pelo conhecimento antecipado dos juízes escolhidos. Em causa estão situações igualmente relativas à época 2003/04.
«O Benfica aparece como fortemente prejudicado pelos factos investigados», afirma Andrade e Sousa, advogado do clube da Luz, em declarações à TVI: «Temos uma posição de muita atenção e consideramos que há legitimidade para o Benfica intervir no processo como assistente, obter toda a informação que for possível com esse estatuto.»
O advogado fala depois em Itália para dar ideia da expectativa do clube sobre o processo: «Vamos tentar dinamizar o processo para que chegue a bom termo. Iremos ponderar a possibilidade de extrair certidões para remeter para a justiça desportiva, para que paralelamente se possam tirar ilações, se for tão exemplar como a justiça italiana o desfecho pode ser aquele que foi em Itália.»