Na despedida do comando técnico do Benfica B, António Oliveira admitiu que o objetivo dos encarnados era a conquista do título da II Liga, mas essa possibilidade ficou hipotecada dadas as prioridades do clube encarnado.

«É de valorizar o que esta equipa fez, chegar ao quarto ou quinto lugar, se formos quartos é a melhor classificação de sempre, batemos recorde de vitórias e de golos, fomos a melhor equipa a jogar fora e, se conseguíssemos materializar isso em casa, talvez pudéssemos… mas percebi há dois meses que era difícil. Vendi um sonho aos jogadores que mais tarde percebi que era muito difícil de alcançar, que era o título da II Liga, visto que a prioridade e o projeto do Benfica passava pela Youth League, pelos sub-19 e pela equipa A. De qualquer forma, fica o registo. No último mês e meio ou dois meses, deixámos de ser um grupo. Até lá, fomos sempre estáveis, estávamos em primeiro e acreditei sempre que isso fosse possível numa estabilidade diferente que aquela que era proporcionada, porque os objetivos da equipa B, para o Benfica, estavam concluídos», disse aos microfones do Porto Canal, após o triunfo sobre o FC Porto B (3-2).

O técnico de 39 anos, que assumiu a formação secundária das águias quando Nélson Veríssimo subiu à equipa A, fechou esta etapa com o sentimento de dever cumprido.

«Tive um enorme prazer e orgulho de fazer uma caminhada com estes jogadores, este staff. Vim num momento em que o Benfica estava a atravessar uma fase difícil, vim por uma missão que tenho a certeza absoluta que cumpri, mesmo num contexto muito complicado, pus sempre os interesses do Benfica à minha frente. Agora vou retomar a minha carreira, pensar mais em mim e seguir o meu caminho», projetou, sem querer desvendar o próximo destino.

«Já tinha representado o Benfica como jogador, agora como treinador e tenho a certeza de que um dia poderei regressar. Mas as minhas prioridades – e toda a gente sabe por onde andei e o que já conquistei -, agora não interessam, porque o futuro mais tarde ou mais cedo vai-se saber. Ou em Portugal ou fora do país, onde felizmente deixei mercado», assinalou.

António Oliveira deixou ainda críticas às «circunstâncias muito difíceis» com que teve de lidar no Seixal e também puxou para si alguns méritos da conquista da Youth League.

«Muitas vezes quase que nos reuníamos na véspera para poder jogar no fim de semana seguinte. 60% dos jogadores, alguns não estão aqui, são responsáveis pela conquista da Youth League, o que requer o reconhecimento também das pessoas que com eles trabalham mais tempo. É um conjunto de treinadores que são o reflexo desta conquista. Não é uma vitória de uma pessoa, é uma vitória do Benfica. O meu futuro a seu tempo se saberá, mas será de acordo com as minhas ambições e com a vontade de, numa estabilidade diferente, alcançar aquilo que ambiciono para a minha carreira», concluiu.

Esta foi a segunda aventura de António Oliveira como treinador principal, depois da passagem pelo Athletico Paranaense, entre 2020 e 2021.