Luís Filipe Vieira anunciou na passada quarta-feira que não tenciona deixar o Benfica sem ser campeão da Europa. Rui Vitória, que tem contrato até 2020, não se sente pressionado por isso, pelo contrário, o treinador considera que a aposta forte do clube na formação vai acabar por traduzir-se na construção de uma grande equipa.

«O presidente também disse que está a terminar o contrato e que vai candidatar-se a mais quatro anos e se for preciso a mais dois mandatos, é uma pessoa cheia de vitalidade e energia. Essas questões de ser campeão europeu também sou, por natureza, otimista, mas dentro da racionalidade», começou por referir em conferência de imprensa.

O treinador defende que o primeiro passo para se cumprir o sonho do presidente é acreditar que é possível. «Aquilo que entendo é que tudo isso tem de ser algo muito bem estruturado, bem pensado e muito bem executado. Nada aparece na nossa vida sem primeiro olharmos lá para o fundo e pensar que podemos lá chegar. Concordo com a visão que o presidente tem, mas há muito trabalho pela frente. Isso foi dito num contexto diferente, presidencial, num contexto em termos de tempo mais alargado, mas acho que é uma ambição que se pode ter e que tem de se ter», prosseguiu.

Um projeto que está assente essencialmente na formação. «Há mais clubes a pensar como o Benfica. Mas eu conheço é a realidade do Benfica e penso que é o caminho correto. Os clubes têm de ter consciência que as armas não são iguais, apesar de haver alguma aproximação, os argumentos dos nossos clubes não são iguais aos dos principais clubes europeus. Onde é que pode residir a diferença? Na inteligência, na astúcia, na capacidade de antecipação, na visão. Nesse campo, o Benfica, pela visão do nosso presidente, é capaz de ser um clube que está nessa linha de pensamento. É assim que os clubes têm de pensar», acrescentou.

O otimismo de Rui Vitória assenta essencialmente nos valores do Benfica que vão pulando nos vários escalões de formação. «A vida de um clube é uma maratona, há acelerações, há desacelerações, mas nessa campo o Benfica está recheado de um futuro risonho. Não estou a dizer isto de forma leviana. É só olhar para os dados estatísticos e pensar que quem tem jogadores formados no clube na seleção portuguesa, alguns deles já saíram, quem numa seleção de sub-21 tem jogadores formados, quem tem numa seleção de sub-19 ou sub-17 tem jogadores formados. Não é preciso fazer um exercício muito prolongado para daqui a três ou quatro anos, esses jogadores, ou uma boa maioria desses jogadores, estarão a jogar a um nível muito elevado», referiu.

Um exemplo mais claro. «Há dois ou três anos quando olhávamos para um Renato Sanches ou Rúben Dias, que andavam pelos sub-19, ninguém imaginava. Passam dois ou três anos e tudo é diferente. Se fizermos esse exercício para um conjunto de jogadores que o Benfica tem, o futuro do Benfica está lá. É preciso ser aproveitado, é preciso não se perder este rumo. É isso que o Benfica e o seu presidente têm feito, a meu ver muito bem», referiu ainda o treinador do Benfica.