*Enviado especial a Turim

Falar de Toni é deixar o leitor sem saber do que se está a falar. A não ser que o nome traga um complemento precioso, e neste caso traz: o Toni do Benfica.

António José Conceição Oliveira foi durante treze épocas jogador do Benfica, clube no qual somou mais seis épocas como treinador principal e umas quantas como treinador adjunto. É no fundo um grande benfiquista.

Mas já esteve do outro lado.

Foi treinador do Sevilha em 95/96. «Oh pá, do que você se foi lembrar. Foi um tempo em que o Sevilha não tinha sequer dinheiro para o papel higiénico», conta.

«Foram apenas quatro meses, numa época em que o Sevilha estava em estágio de pré-época em Jerez de la Fronteira e caiu uma notícia a dizer que o clube não tinha pago a inscrição na Liga e ia descer. O povo saiu todo para a rua e o campeonato acabou por ser realizado por 22 equipas, incluindo o Sevilha.»

Não foram tempos fáceis, mas Toni ainda é capaz de guardar boas memórias.

«A melhor recordação que tenho foi ganhar um torneio em Vigo, frente ao Celta, que era o outro clube que supostamente ia descer por não ter pago a inscrição.»

«Sucedi ao Luis Aragonés e na equipa tinha o Suker e o Petkovic, para além do Peixe, que chegou lesionado. O tempo de permanência foi curto, foram apenas quatro meses, mas foi curto para mim, para o Camacho, para o Billardo...»

Toni do Benfica conta que foi um período conturbado, antes da chegada de Del Nido: o presidente que devolveu o Sevilha «a patamares altíssimos».

«Apesar de tudo foi bom. O Sevilha é um clube histórico, com uma affición muito fanática.» Mas nada que se compare com o Benfica, claro. «O Benfica é um clube mítico e universal, com uma base social que é o povo. O povo é que faz com que o Benfica tenha uma história riquíssima.»

Estive em três finais europeias, e infelizmente não ganhei nenhuma

Quando se fala de Benfica, o coração de Toni bate mais depressa.

«Estive como adjunto em duas finais europeias e como treinador principal em mais uma, em Eidhoven. Estive em três finais europeias. Infelizmente não há vitórias. A história das finais é marcada por presenças, mas o que fica são as vitórias. Espero que desta vez o Benfica vença.»

Voltando atrás, e ao Sevilha, Toni não acredita que o fanatismo dos adeptos seja um problema. 

«Estive em Amesterdão, na final do ano passado, e os ingleses são fantásticos a viver o jogo antes, durante e depois. E é isso que espero. O futebol devia ter sempre um ambiente de festa. As pessoas deviam gozar o ambiente.»

Até porque lá dentro, onde está a magia, tudo pode acontecer.

«O Sevilha está em quinto, o Benfica é campeão, mas é uma final, tudo se resolve naquele jogo e nunca há favoritos. O Sevilha é um histórico que tem o seu peso, o Benfica perdeu o Enzo Perez e o Markovic, dois jogadores importantes, mas mantém a sua base, não sofre golos, está confiante e tem qualidade de jogo.»

Por isso Toni espera que o Benfica vença: ele vai ficar a sofrer para que isso aconteça. É isso que é ser o Toni do Benfica.