Entrou na sala de conferências de imprensa do Estádio da Luz uma dezenas de minutos depois da hora marcada. Fê-lo em passo normal, cumprimentando os presentes, fazendo questão de entrar a sorrir.

Foi também no tom de quem está tranquilo, sereno, de quem convive com a pressão inevitável do momento com um sorriso nos lábios, ao ponto de se rir de eventuais polémicas, de ser ele próprio a proporcionar o riso dos outros que Rui Vitória conduziu o seu último discurso antes de a Liga 2015/16 ficar decidida.

O treinador do Benfica fez neste sábado a última conferência de antevisão para jogos de campeonato. Amanhã, domingo, os encarnados têm a possibilidade de se sagrarem campeões nacionais fazendo um tricampeonato que não se vê na Luz desde a década de 1970.

O Benfica depende só de si quando falta uma jornada depois de ter estado sete pontos atrás do então primeiro classificado, depois de muitas trocas de palavras com polémicas na sua base, ou silêncios de igual expressão.

«Nós vivemos isto com alegria. Temos a noção clara do que está em jogo. Mas não podemos rir? Não podemos estar satisfeitos?», afirmou ainda neste sábado Vitória.

O sorriso frente ao momento, de pressão, de importância histórica que pode ser conseguida, foi a imagem que o homem que treina o Benfica quis deixar. Vitória riu. Vitória fez rir. Riu-se quando lhe perguntaram sobre Ferraris polémicos. E chutou para canto: «Isso não interessa para nada. Não é secundário, é terciário.»

Fez rir quando lhe fizeram um par de questões e lhe perguntaram por favoritismos. «Qual era a primeira questão?». E antes de ter resposta sorri e faz rir: «Digo sempre isto quase por superstição...»

Rui Vitória fez questão de ser coerente na última conferência antes do jogo que lhe pode dar a passagem para o histórico de treinadores campeões nacionais. Manteve o seu discurso de serenidade bem disposta, recusando «dramas», com olhos postos no resultado do próximo jogo.

E contou que fez «o de sempre para preparar um jogo», dedicar-se «ao trabalho» e «preparar os jogadores». O que pensa o indivíduo já não quis dizer. «As minhas emoções também são terciárias», notou o treinador repetindo uma das atitudes levadas para a sala.

Mas, de novo com um sorriso nos lábios, até abriu a porta a extroverter-se em outras circunstâncias menos formais: «A beber um café até falamos, agora interessa é ganhar.»