O resultado não conta tudo, mas é factual: o Benfica venceu esta noite na receção ao Rio Ave, por 4-1, em jogo da 17.ª jornada da Liga, a última da primeira volta.

O conjunto encarnado subiu ao relvado da Luz a atravessar, porventura, o melhor momento da temporada, com seis vitórias consecutivas, e com os olhos postos na perseguição ao Sporting.

Numa situação menos positivo estava o Rio Ave: os vilacondenses até vinham de um triunfo – e apenas uma derrota nos últimos sete encontros –, mas a tabela classificativa não mente e o antepenúltimo lugar não deixa ninguém descansado.

Meia-hora de papéis invertidos

A tabela classificativa não mente, é verdade, mas a primeira meia-hora, curiosamente, contou uma história diferente.

O técnico do Benfica, Roger Schmidt, manteve a fórmula dos últimos jogos e repetiu o onze que tinha vencido o Sp. Braga. No Rio Ave, houve uma surpresa: Luís Freire abdicou de Leonardo Ruiz no ataque e deu outra solidez ao meio-campo, com a presença de João Graça.

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E foi muito por aí que a formação de Vila do Conde construiu a superioridade que exibiu nos primeiros 30 minutos. Nas alas, Di María e João Mário não foram os homens mais comprometidos do mundo no momento defensivo. Por isso, e com a ajuda de Josué e Miguel Nóbrega, Costinha e Fábio Ronaldo não tiveram muitas dificuldades para desequilibrar.

No meio, lá está, João Graça juntou-se a Guga e Amine e ganhou aí a luta com João Neves e Orkun Kökcu, incapazes de encontrar o antídoto para a forma tranquila como a equipa dos Arcos foi conseguindo ter momentos de qualidade com bola.

Guga cumpriu a lei do ex e abriu o marcador – sem festejar – ao minuto nove, servido por Fábio Ronaldo. Mas nem isso acordou a águia.

À vontade em quase todos os momentos do jogo, o Rio Ave continuou a ser a melhor equipa em campo e só não castigou ainda mais a desorientação encarnada porque Anatoliy Trubin voltou a ser decisivo na baliza e negou a felicidade a Fábio Ronaldo e Boateng.

Se o coletivo não funciona...

Se o coletivo não funciona, recorre-se às individualidades

Mas quem tem jogadores como Ángel Di María ou Rafa Silva arrisca-se sempre a ser feliz, e o Benfica, apesar das muitas dificuldades, conseguiu chegar ao empate em cima da meia-hora, depois de uma recuperação de João Neves e de uma combinação de Rafa com Di María – belo golo do argentino.

A águia subiu ligeiramente o nível, e pelo menos foi capaz de manter o Rio Ave mais afastado da baliza do Rio Ave, ainda que com bola tenha continuado a exibir sinais de muita intranquilidade.

E o intervalo não mudou o paradigma das coisas, isto no que aos primeiros minutos diz respeito. O Rio Ave continua a saber explorar as fragilidades do Benfica – na esquerda, o adaptado Morato teve muitas dificuldades – e atirou uma bola ao poste, por Boateng, nos primeiros segundos.

Pouco depois, nova bola no ferro, desta vez de João Graça, depois de mais um lance no lado direito do ataque do Rio Ave.

Aderllan ajudou, António Silva desbloqueou e a águia tranquilizou

O Benfica não se encontrava e a Luz assobiava. A segunda parte prometia ser complicada, mas Aderllan precipitou-se e precipitou também a mudança da narrativa do encontro.

O defesa-central vilacondense foi expulso aos 58 minutos, por acumulação de amarelos, e deixou a turma de Luís Freire reduzida a dez unidades.

Foram minutos fatais para o Rio Ave, aliás, já que pouco depois, um minuto depois da hora de jogo, António Silva vestiu-se de avançado para fazer a reviravolta para os homens da casa.

2-1 e superioridade numérica. Demorou uma hora, mas o Benfica ficou finalmente tranquilo na partida.

Logo a seguir, de resto, Schmidt fez três alterações: Florentino acalmou o meio-campo, Tiago Gouveia agitou o ataque e Marcos Leonardo estreou-se… com um golo.

Já depois de Gouveia falhar praticamente um penálti em andamento, o avançado brasileiro ampliou o resultado a favor das águias, servido por Aursnes. Nos descontos, Rafa assistiu com mestria João Mário para o 4-1 final.

O resultado não conta tudo, repetimos, mas o que fica para a história é a sétima vitória consecutiva do Benfica, que volta a aproximar-se do Sporting na liderança da Liga. Para o Rio Ave não há vitórias morais, mas há muitas coisas boas que Luís Freire pode aproveitar.