Dennis Bergkamp, o holandês dos golos espectaculares, vai despedir-se da Liga Premier, onde jogou os últimos onze anos, sempre com a camisola do Arsenal, este domingo, frente ao Wigan. O veterano holandês, de 37 anos, terá ainda a oportunidade de jogar a final da Liga dos Campeões, frente ao Barcelona, em Paris, antes da homenagem de que vai ser alvo, a 22 de Julho, no decorrer da inauguração do novo estádio dos Gunners.
Será o ponto final numa longa e intensa relação que se prolongou por mais de 400 jogos, salpicados com muitos golos memoráveis que levaram Arséne Wenger, treinador do Arsenal, a elevá-lo à condição de «génio». Até à chegada do seu companheiro Thierry Henry, Bergkamp foi sempre considerado o mais talentoso estrangeiro a jogar na liga inglesa, mas a sua história começou a escrever-se muito antes, ainda com as camisolas do Ajax e da selecção da Holanda.
Com a camisola laranja contou com dois pontos altos. No Mundial-94, nos Estados Unidos, ajudou a Holanda a chegar aos quartos-de-final, mas apanhou um susto de morte, com uma ameaça de bomba em pleno voo, que lhe criou uma fobia a aviões que mais tarde levaria ao extremo de decidir nunca mais voar. Quatro anos mais tarde, no França-98, Bergkamp marcou um dos golos mais bonitos em fases finais do Campeonato do Mundo, quando, no último minuto dos quartos-de-final, frente à Argentina, correu cinquenta metros para receber um passe de Frank de Boer, antes de entrar na área, contornar Ayala e fuzilar Roa, levando a bola ao encontro da parte superior das redes. Uma imagem mil vezes repetida sempre que se fala em Campeonatos do Mundo.
Depois do Mundial-94 contornou o medo de voar com uma decisão definitiva. «Para mim não há qualquer problema. Decidi não voar mais e encontrei a solução para um problema. A partir daí deixou de ser uma preocupação e não é por coincidência que tenha jogado o melhor futebol na minha carreira no Arsenal depois de ter tomado essa decisão», contou.
Chegou a ser recordista de golos da Holanda, até ser superado por Kluivert, antes de abandonar a sua carreira internacional, em 2002 com 37 golos em 79 jogos. «Quando Dennis Bergkamp marca um golo, não é um golo comum, é sempre o que chamamos um golo Dennis Bergkamp», destacou Henry que elege o seu companheiro como «o melhor parceiro» com quem já jogou.
Formado nas escolas do Ajax, a sua relação com o futebol inglês começou desde os primeiros pontapés. O nome de «Dennis» foi-lhe «colado» em homenagem a Denis Law, antigo avançado do Manchester United e da Escócia. Foi promovido para a primeira equipa de Amesterdão por Johan Cruyff no final de 1986 e, logo na primeira temporada, ajudou a equipa a conquistar a Taça das Taças. Em 1990 conquistou o primeiro campeonato e a primeira internacionalização frente à Itália.
No Ajax a sua carreira disparou: foi durante três anos consecutivos o melhor marcador da liga holandesa e destacou-se por duas vezes como o melhor jogador do ano na Holanda (1991 e 1993), juntado mais uma Taça UEFA (1992) ao seu currículo. Na selecção, chegou às meias-finais do Euro-92, na Suécia.
Com a camisola do Ajax, somou 185 jogos e 103 golos. Já sem espaço para evoluir mais na Holanda rumou para a Série A para vestir a camisola do Inter Milão onde voltou a vencer a Taça UEFA. Teve dificuldades em adaptar-se ao defensivo do futebol italiano, marcando apenas onze golos em 52 jogos até à milionária mudança para a Liga Premier.
A transferência para o Arsenal, em meados de 1995, por 7,5 milhões de libras estabeleceu, na altura, um novo recorde. Na Liga Premier acumulou sete títulos - três vezes campeão e quatro Taças de Inglaterra ¿ 314 jogos e 87 golos. Foi ainda eleito melhor jogador de Inglaterra em 1998, o ano em que somou a primeira de duas «dobradinhas». Há um ano esteve prestes a dar por concluída a sua carreira, mas uma exibição fantástica numa goleada sobre o Everton (7-0), com três assistências e um golo, levou os adeptos a pedir em uníssono «mais um ano».