Dennis Bergkamp conta na sua auto-biografia como foram os seus últimos tempos no Arsenal e a tensão da sua relação com Arsène Wenger.

«O clube pensou que, como eu estava a atingir uma certa idade, e o Thierry Henry estava a tornar-se no principal jogador da equipa, eles tinham um problema. Estavam preocupados com a minha reação ao jogar menos. Claro que eu queria jogar todos os jogos e, quando não jogava, ficava zangado com o Wenger», contou.

«Ele apresentava-me estatísticas que mostravam que eu tinha corrido menos e que estava com maior risco de lesões, mas eu perguntava onde dizia nas estatísticas que eu tinha feito um passe decisivo. Ele dizia que eu só pensava em mim. Claro que com 35 ou 36 anos eu não podia jogar todos os jogos, mas cá dentro, eu pensava que sim».

O holandês admite que por vezes as discussões subiam de tom, «mas sem insultos». «As discussões eram apenas sobre eu jogar ou não. Eram muito infantis, mas dizíamos o que nos ia no coração».

O jogador falou também sobre a sua fobia em voar e na imposição que fez no Arsenal de que não viajaria de avião. Bergkamp conta que a sua aversão começou quando jogava no Inter e tinha que viajar em pequenos aviões em todos os jogos fora.

«Eram uns aviõezinhos pequeninos horríveis que ficavam nas nuvens e abanavam o tempo todo. Mal tinha espaço para me mexer e, olhando pela janela, só se via branco ou cinzento. Sentia-me tão mal, que comecei a desenvolver uma aversão tal que só pensava que não queria voltar a fazer aquilo. Às vezes estava a jogar e estava preocupado com a viagem de regresso. Bastava-me ver aqueles misturadores de ossos que começava com suores frios».