Se 2015 foi um ano de intenso sucesso para o Barcelona, faz todo o sentido que a Gala que destaca os melhores do ano tenha o clube espanhol à cabeça. E assim foi. Cada vez mais banhada a ouro, a equipa culé adiciona prémios individuais aos títulos coletivos e reafirma-se como a grande potência futebolística do século XXI, até ver.

Ao todo, o Barcelona já conta com 11 Bolas de Ouro no seu currículo, sendo que cinco, como se sabe, vieram por obra e graça do talento de Lionel Messi. O argentino está, assim, a uma Bola de Ouro de ter tantas como todos os outros vencedores ao serviço da sua equipa.

E quem são eles? Curiosamente, apenas um é espanhol. O primeiro. Em 1960, Luís Suárez, homónimo do atual avançado mas castelhano e não uruguaio, deu a primeira Bola de Ouro ao Barça, na quinta edição do troféu.

Era um período de intenso domínio espanhol, mas que acabou ali. Na verdade, depois de, no primeiro ano, Stanley Matthews, do Blackpool, ter levado para casa o troféu idealizado pela France Football, seguiram-se quatro vencedores de clube espanhóis. Três do Real Madrid (Di Stefano, por duas vezes, com Raymon Kopa pelo meio) e Suárez.

Foi, depois, preciso esperar até 1973 (13 anos) para que uma equipa espanhola voltasse a ter um Bola de Ouro. E foi novamente o Barcelona. Proeza do génio holandês Johan Cruyff, que venceu nesse ano a segunda das três que tem no currículo (a primeira conseguiu-a ainda ao serviço do Ajax, em 1971).

Em 1994, após um Mundial fantástico que confirmou o génio, Hristo Stoichkov voltou a dar uma Bola de Ouro ao Barça, facto repetido cinco anos mais tarde, agora pelo brasileiro Rivaldo. A última Bola de Ouro do Barcelona antes do emergir de Lionel Messi veio em 2005, por outro brasileiro: Ronaldinho Gaúcho.

O Barcelona tem, então, 11 Bolas de Ouro no seu currículo, reforçando o domínio que já exercia. A seguir, surge uma lista de três equipas, todas com oito galardões: Real Madrid, Juventus e AC Milan.

A nível individual, Messi já tinha o recorde e reforçou-o, com a quinta conquista. Segue-se uma lista de luxo com três prémios: Johan Cruyff, Michel Platini, Marco Van Basten e Cristiano Ronaldo.



Argentina iguala França e fica mais perto de Alemanha e Holanda

No que aos países diz respeito, a vitória de Messi aproxima a Argentina do topo. O país das Pampas já festejou seis Bolas de Ouro, sendo que cinco são do astro do Barcelona, como se sabe.

A outra foi conquistada por Alfredo Di Stefano, em 1957. A lenda do Real Madrid viria a ganhar outra, dois anos depois, mas já com nacionalidade espanhola. Aliás, essa é até uma questão polémica, uma vez que, até 1995, o prémio era atribuído apenas a jogadores europeus. Isso explica, por exemplo, que Pelé ou Maradona nunca tenham ganho. Até 2006, de resto, o prémio poderia ser dado a jogadores de qualquer nacionalidade, mas tinham de jogar na Europa. Atualmente engloba jogadores de qualquer parte do mundo, mas nunca um representante de um campeonato não europeu ficou, sequer, perto de ganhar.

Ora, como se dizia, a Argentina tem então 6 Bolas de Ouro, tantas como a França, que festejou três de Michel Platini, duas de Zinedine Zidane e uma de Raymond Kopa.

Os países com mais troféus continuam a ser Alemanha e Holanda (sete), mas vêm os argentinos aproximarem-se graças ao fenómeno Messi. Os alemães festejaram duas de Franz Beckenbauer, duas de Karl-Heinz Rummenigge e uma de Gerd Muller, Lotthar Matthaus e Mattias Sammer. Já os holandeses têm um grupo mais restrito: três de Cruyff, três de Marco Van Basten e uma de Rudd Gullit.

O primeiro clube com dois treinadores no topo do mundo

O domínio do Barcelona nos galardões anuais da FIFA estende-se ainda ao capítulo dos treinadores. Até esta segunda-feira, desde a criação do prémio para Treinador do Ano, ainda nenhum clube ou seleção havia repetido a distinção. A honra coube ao Barcelona.

Luís Enrique venceu o galardão que, em 2011, tinha sido para Pep Guardiola, quando o, agora, treinador do Bayern Munique, dominou o ano com o seu Barcelona.

Guardiola foi segundo na votação, à frente de Jorge Sampaoli, selecionador chileno, e, assim, passa a conhecer todas as posições do pódio final. Venceu em 2011, como se disse, e já tinha sido terceiro em duas ocasiões (2010 e 2012). Além de Guardiola, só um treinador experimentou as três posições: José Mourinho, o primeiro vencedor de sempre, em 2010.

E se o Barcelona domina em clubes, em países é Espanha quem manda. Com a vitória de Luís Enrique, os espanhóis passam a ter três vencedores, juntando-se o treinador do Barcelona a Guardiola e também a Vicente del Bosque, selecionador espanhol, que ganhou em 2012.

Segue-se a Alemanha, que vinha de duas vitórias seguidas: Jupp Heynkes em 2013 e Joachim Low em 2014. O outro país que já teve um treinador considerado o melhor do mundo foi, então, Portugal, por José Mourinho, na tal primeira edição.

Onze do ano volta a não ter a Premier League

Começa a ser uma tendência, apesar da intromissão de Angel Di Mária (Manchester United) no ano passado: o onze do ano 2015 não contempla qualquer jogador da Premier League, algo que aconteceu por três vezes nos últimos quatro anos.

Para muitos, a Liga inglesa é a melhor do mundo, mas a verdade é que, nas distinções da FIFA, tem ficado muito a desejar. Algo que se explica, também, pelo menor poderio das equipas inglesas nas provas europeias nos últimos anos.

O ano mais atípico terá sido 2012, quando os onze jogadores alinhavam no campeonato espanhol! É verdade que Espanha ganhou, nesse ano, o segundo título europeu seguido e o Atlético Madrid venceu a Liga Europa, mas o principal troféu europeu de clubes, a Liga dos Campeões, viajou para Inglaterra, para o Chelsea, que não teve, sequer, um representante nesse onze.

Em 2015, o onze do ano teve espaço para quatro campeonatos (Espanha, Alemanha, França e Itália) e sete nacionalidades. O Brasil, com quatro representantes (Thiago Silva, Dani Alves, Marcelo e Neymar), foi o país mais representado, algo que não acontecia desde 2005, quando a FIFA começou a eleger o onze do ano.
 
A escolha de Luka Modric marca, também, a primeira vez que a Croácia tem um representante no onze do ano, algo que já tinha sido conseguido por países como a Ucrânia (Shevchenko, 2005), Camarões (Samuel Etoo, 2005 e 06), Costa do Marfim (Didier Drogba, 2007), Sérvia (Nemanja Vidic, 2009 e 2011), Colômbia (Radamel Falcao, 2012) ou Suécia (Zlatan Ibrahimovic, 2013).

Wendell Lira: a história do dia em Zurique



Para o final fica o Prémio Puskas que, também por ser um galardão paralelo e ainda recente, costuma fugir aos padrões habituais destas distinções. Mas nunca como este ano.

O brasileiro Wendell Lira, um autêntico desconhecido aquando da escolha dos dez nomeados, seguiu, pé ante pé, até à vitória final. No início de dezembro, quando se tornou público que estava entre os três finalistas, o brasileiro falou ao Maisfutebol
contando a sua história. Muito diferente do que é normal nestas ocasiões.

Sem uma vida de luxo ou uma legião de fãs pelo mundo, valeu a Wendell Lira a força de um país e de uma história. «Fiquei desempregado três meses»
, contou na referida entrevista. O golo foi marcado pelo Goianêsia, mas hoje é jogador do Vila Nova, com passagem pelo Tombense.

Na mesma entrevista já tinha avisado Messi: «Sou fã, mas quero ganhar».

O Prémio Puskas já tinha sido entregue a vencedores fora do comum, como Hamit Altintop (2010) ou Miroslav Stoch (2012), mas Wendell Lira, o segundo brasileiro a vencer, depois de Neymar em 2011 quando ainda estava no Santos, bate toda a concorrência neste quesito.

Por um dia, pelo menos, subiu ao mesmo palanque que Messi, Cristiano Ronaldo e as outras estrelas da bola que por lá passaram. E essa é a história para nunca mais esquecer.