Ich will dass ihr mir vertraut
Ich will dass ihr mir glaubt
Ich will eure Blicke spüren
Ich will jeden Herzschlag kontrollieren
Ich will eure Stimmen hören
Ich will die Ruhe stören
Ich will dass ihr mich gut seht
Ich will dass ihr mich versteht
Ich will eure Phantasie
Ich will eure Energie
Ich will eure Hände sehen
Ich will in Beifall untergehen


(Quero que confiem em mim
Quero que acreditem em mim
Quero sentir o vosso olhar em mim
Quero controlar todo o batimento cardíaco
Quero ouvir as vossas vozes
Quero perturbar a vossa paz
Quero que me vejam bem
Quero que vocês me compreendam
Quero ser a vossa fantasia
Quero ser a vossa energia
Quero ser as vossas mãos
Quero afogar-me na vossa aclamação)


Afirmação. Futebol-imperativo. Cheio de pontos de exclamação e esquecido de reticências. Assente na confiança, na vontade. Numa declaração unilateral de intenções.

– Quero ser a vossa energia!

Perda, reacção! Contra-ataque, contra-contra-ataque! Contra-contra, contra-contra-ataque. Tema após tema. Pressão. Pressão. Pressão.  Gegen, gegen, gegen!

#SomosTodosGegenpressing! Cabeças de cima para baixo, sincronizadas. Headbangers ball!

– Com ou sem implante de cabelo?

Eins, Zwei, Drei, Vier! Triângulos que geram losangos. Linhas fechadas, defesa subida. Claustrofobia. Estrangulamento. Asfixia. Tor! Tor! Toooooooooooor! E um ponto final sublinhado com a bateria e a reacção efervescente da plateia, num banho de adrenalina. Hell Yeah!

– Ich will dass ihr mich versteht!

Cru. Bruto. Um futebol cheio de riffs metálicos. Vozes a gargarejar testosterona, dedos a desenhar solos de improviso. A boca a saltar do coração, mil caretas numa cara transparente, punhos cerrados junto à linha lateral. Mais rápido, mais forte, sem parar. Uma batalha até ao último segundo.

Emocional. Esmagador!

Fünf, Sechs, Sieben! Minuto a minuto, refrão a refrão. O riso sonoro, já não deste tempo, já tão formatado. Ah! Ah! Ah! Três ah que se ouvem do outro lado do campo. Gutural. Cru! Puro. Genuíno. Politicamente incorrecto, a soltar-se bem acima das calças de ganga rasgadas, que bloquearam Hamburgo mas não Dortmund.

– Tudo na vida tem um fim, excepto a salsicha que tem dois! *

Acht, Neun, Zehn! Seis ou sete a inclinar o campo para um dos lados, laterais com guia para subir. 1x2. Outro 1x2. Bola perdida, e saltam sete cães a um osso. Contra! De 4x2x3x1 para 4x4x2, e vice-versa. A emoção faz a diferença.

Não é uma sinfonia. Não é um jogo de xadrez. Não dá para adormecer, com o convite dos violinos e o embalar dos cellos. Táctico porque tem de ser, mas a emoção é que faz a diferença. A que vem das entranhas, que torna os músculos rígidos e sai em torrente, em cadência infernal. Cabeças de cima para baixo. E de baixo para cima.  Gegen!




Toda a gente gosta de Jürgen até podia ser nome de sitcom. Porque gostam. No campo, os que se transcendem depois das palavras que antecedem a batalha. Os adeptos, que o vêem a correr junto ao banco, que o ouvem sem pestanejar nas salas de imprensa. Dirigentes. Árbitros. Clubes inteiros. Respekt!

O mundo abriu-lhe as portas de casa. Klopp rockstar, com uma Gibson Flying V, em braçadas profundas sobre as cordas. Todos os adoram em todo lado. Dude!

– Quem não concordar que o diga agora ou se cale para sempre!

Sabe desde Dortmund que só caminhará sozinho se quiser. Depois dos jogos, e para reflectir. Apenas nesse momento. E a Kop nem precisará de cantá-lo a cada matchday. A ele, que nunca será o Normal One.

A Premier que se prepare porque não voltará a ser a mesma. Soará um grito antes de cada pontapé de saída, logo por baixo dos dedos-em-chifre

–  Metal up your... game! 

Here I am, rock you like a hurricane



* Ditado alemão.
--

«ERA CAPAZ DE VIVER NA BOMBONERA»   é um espaço de opinião/crónica de Luís Mateus, sub-director do Maisfutebol, e é publicado de quinze em quinze dias na MFTOTAL. Pode seguir o autor no  FACEBOOK    e no  TWITTER . Luís Mateus usa a grafia pré-acordo ortográfico.
--