O destino consegue por vezes ser tortuoso. Bruno Vale tem toda uma vida ligada ao F.C. Porto. Natural de Vila Nova de Gaia, iniciou-se no Vilanovense, mas acabou por fazer a formação nas camadas jovens azuis e brancas. Pelo caminho formou parte do plantel principal nas duas últimas épocas e arrancou de Mourinho os maiores elogios, foi considerado pelo treinador o futuro patrão da baliza do clube.
Apesar de tudo isso, acabou por estrear-se como titular no estádio do Dragão com a camisola do adversário. Antes disso tinha feito meia-hora com a principal camisola, foi na última jornada da época 2003/04, frente ao P. Ferreira, quando Mourinho lhe alguns minutos para juntar o nome à lista de campeões nacionais. Desta vez foi diferente. Foi a doer. «É o destino, se calhar, não sei», sorri em conversa com o Maisfutebol. «Mas encarei tudo com naturalidade».
Nenhuma tristeza?, pergunta-se-lhe. «Sim, alguma. Quando se está nas camadas jovens sonha-se sempre com o dia da estreia com a camisola do F.C. Porto na equipa principal, mas nem sempre isso é possível», responde. «Seria pior se nunca me pudesse estrear». Até porque o importante mesmo é jogar. «A possibilidade de ganhar ritmo e experiência no E. Amadora foi também muito boa. Agora só penso em trabalhar para evoluir e regressar àquele estádio com a camisola do F.C. Porto».
«Co Adriaanse cumprimentou-me e deu-me os parabéns»
Recuando as memórias da primeira pessoa até à hora do filme, Bruno Vale diz que não conseguiu evitar o nervosismo inicial. «Mas foi só antes de começar o jogo», refere. «Depois quando entrei no relvado fiquei tão concentrado no jogo que o nervosismo foi diminuindo. Felizmente que as coisas foram correndo bem para mim e comecei a sentir-me mais à vontade». No final jura que a sensação foi muito boa. «À saída do estádio, quando pensava no que passara, ia com o sentimento de dever cumprido», conta. «Acho que demos uma boa imagem, apesar da derrota. Tanto eu como os meus colegas».
A felicidade que lhe invadia a alma justificava-se também pelo sentimento de amizade que recebeu. «Fui bem recebido», explica. «Não ouvi nenhuma provocação, os adeptos até me bateram palmas, só tenho que lhes estar agradecido». No final os antigos companheiros não o deixaram sair sem uma palavra de conforto. «Toda a gente me cumprimentou e me deu os parabéns». Houve contudo uma palavra especial. De Co Adriaanse. «No final do jogo cumprimentou-me, deu-me os parabéns e disse-me que fiz um bom jogo», conta. «Fiquei muito satisfeito por essas palavras que vêm dar-me mais alento para continuar a trabalhar».