Christopher Pilar, experiente guarda-redes do Camacha, conta com participações no Europeu de sub-17 em 2002 e no Torneio de Toulon, 2005 e 2006. Pese embora essas participações perdurem na memória do jogador, o luso-francês de 32 anos viveu no passado domingo, no jogo entre o Camacha e o Pedras Rubras, mais uma história para contar quando encerrar a carreira. Quiçá, a história mais singular da sua carreira.

Debelada uma lesão nos tendões do joelho, o guarda-redes do clube madeirense cumpriu os primeiros minutos da temporada no último jogo da época, imagine-se, como extremo esquerdo. Mas afinal, como é que um guarda-redes de créditos firmados troca as luvas por um lugar no flanco esquerdo do ataque?

«Em todos os jogos fora, para pouparmos dinheiro do subsídio [dado pelo Governo], eu vou sempre com a equipa como guarda-redes e como treinador-adjunto. Treino com eles a guarda-redes. No último jogo levámos 15 jogadores, inclusive dois lesionados. Fizeram um teste antes do jogo e não estavam aptos. Acabaram por ir para o banco e com eles fiquei eu e mais um colega que estava apto para competir. Na primeira parte lesiona-se o nosso defesa central e entra o que estava apto no banco. Na segunda parte, lesiona-se o lateral direito e eu tive que entrar para não deixar a equipa com 10», explica ao Maisfutebol.

Pese embora a posição de extremo nunca tenha sido a sua ao longo da carreira, Christopher adianta que foi desenvolvendo rotinas na posição ao longo da temporada.

«Sempre que faltava um jogador nos treinos, eu jogava à frente. Portanto, não foi algo assim tão novo para mim porque tive um ano todo nessas funções também. Em cinco semanas de treino provavelmente em quatro joguei à frente. Já estava um pouco preparado», referiu, a contar na primeira pessoa uma história divulgada pelo blog «Mundo dos guarda-redes».

Aquando da entrada do antigo internacional nas seleções jovens de Portugal, o jogo estava empatado a uma bola e terminou empatado a dois. Ainda assim, o guarda-redes não teve qualquer tipo de influência na alteração do marcador.

«Se não me tivesse lesionado ainda estaria no futebol profissional»

O percurso do jogador de 32 anos começa no Sporting, passa pelo Torreense, Marítimo, União da Madeira, Ribeirão até chegar à Associação Desportiva da Camacha. Na Madeira, além de estar vinculado ao clube como guarda-redes, Christopher é responsável pelo treino específico da posição.

«Sou guarda-redes e também tenho a função de treinador de guarda-redes. No ano passado era guarda-redes, este ano optei pela área do treino. Até já tirei o curso de nível I da UEFA», assumiu.

Antes de ter enveredado pela carreira de treinador de guarda-redes, Christopher fez parte do plantel do União da Madeira que competiu no escalão máximo do futebol português. Contudo, foi atraiçoado por uma lesão no joelho que o atirou para longe dos relvados durante mais de um ano.

«Quando estava no União da Madeira como profissional, tive uma lesão grave no ligamento rotuliano e estive um ano e dois meses sem competir. Fui para o Ribeirão, emprestado pelo União da Madeira. No ano anterior fui para a Camacha em que joguei a época inteira. Ainda assim, acredito que se não me tivesse lesionado poderia ter continuado como profissional», atirou.

As lesões e as competições profissionais ocupam um lugar no passado. De acordo com Christopher, o futuro não está entre os postes da baliza da Camacha mas no banco de suplentes em conjunto com o mais jovem treinador do Campeonato de Portugal.

«Neste momento o futuro passa por aqui. Estou na Camacha com um treinador muito competente jovem, o mais jovem dos Campeonatos Profissionais [Pedro Andrade 27 anos] e conseguimos alcançar a melhor classificação de sempre na Camacha neste modo competitivo. No futuro esperámos estar num patamar superior», vaticinou.

O Camacha terminou a época em terceiro lugar da Série A de manutenção do Campeonato de Portugal.