Na Europa é certo e sabido: mal se aproxima a prova rainha das selecções africanas, os clubes torcem o nariz. Com razão, dirão uns ¿ veja-se o Portsmouth, de Inglaterra, que vai ficar sem cinco dos habituais titulares - sem ela, dirão outros. Porém, também as equipas e jogadores africanos começam a criticar a data escolhida para a Taça das Nações Africanas (CAN), apesar de a compreensão ser maior.
Flávio Amado está acostumado à alta competição, pois desde que chegou ao Al Ahly, orientado pelo português Manuel José, tem marcado presença constante na fase final da Liga dos Campeões Africanos. Com isso, leva centenas de jogos seguidos nas pernas, parando apenas por lesão, ou opção do treinador. O que acontece pouco, devido à influência do angolano na equipa egípcia.
O ponta-de-lança juntou-se na semana passada ao estágio de Angola no Algarve, onde chegou fora de forma. A explicação talvez esteja no calendário estabelecido pela Confederação Africana de Futebol (CAF), que marca o CAN para Janeiro e Fevereiro.
«Tive uma microrrotura. Neste momento posso dizer que não estou a cem por cento, estou apenas a 70. Mas daqui a poucos dias vou estar no meu melhor», começou por referir Flávio ao Maisfutebol. As roturas musculares, pequenas ou grandes, são fruto, na maioria das vezes, do excesso de esforço. Este ano, o ponta-de-lança voltou a estar envolvido em várias frentes: Selecção, Campeonato, e Liga dos Campeões Africanos, na qual o Al Ahly chegou à final, mais uma vez. Mas não ganhou e Flávio justifica o facto novamente com as datas seleccionadas pela CAF.
«Em África o calendário é diferente. O da nossa liga, no Egipto, é igual ao da Europa, mas o da Champions inicia-se em Fevereiro ou Março e termina em Novembro. É bastante complicado. Os clubes europeus queixam-se, mas eu jogo em África e, praticamente, não tenho férias. Termino o campeonato em Maio e depois jogo pela selecção. É difícil. Em Junho, tenho de voltar para o clube porque começa a fase de grupos da Liga Africana. Nunca temos férias. Há três anos que não tenho férias. Não sei o que é isso», atira Flávio, um dos avançados mais conhecidos a actuar no continente africano e um dos mais experientes entre os Palancas Negras.