A edição de 2013 da Taça das Nações Africanas de futebol (CAN) marca a estreia da seleção de Cabo Verde na competição. A competição começa no sábado justamente com o jogo entre Cabo Verde e a anfitriã África do Sul.

Nunca Cabo Verde conseguira ir tão longe na prova, apesar de, na qualificação para a fase final da CAN anterior, ter ficado apenas a um ponto de alcançar esse feito, que viria a ser concretizado em 2012, depois de, contra todas as previsões, afastar na última eliminatória a poderosa seleção dos Camarões.

Com o papel de outsider, sobretudo por enfrentar três poderosos conjuntos africanos no Grupo A - África do Sul, Angola e Marrocos -, Cabo Verde, disse-o já o selecionador Lúcio Antunes, está livre de qualquer pressão, facto consubstanciado pela convicção geral de que o mais difícil foi alcançado.

Equipas portuguesas fornecem 16 jogadores para a CAN

O português João de Deus, selecionador de Cabo Verde entre 2008 e 2010, disse acreditar que a formação cabo-verdiana pode ser uma das surpresas da edição de 2013 da CAN2. «Cabo Verde não é só uma equipa organizada e tem matéria-prima de grande qualidade, eu acredito que Cabo Verde, sem querer colocar as expectativas muito altas, pode ser uma das surpresas da CAN2013», afirmou em declarações à agência Lusa, embora reconheça que «há sempre o fator da inexperiência que pode castrar as ambições da equipa».

Além de eleger Cabo Verde como potencial surpresa, o treinador da Oliveirense atribui o favoritismo na conquista da prova à seleção do Gana. «Acredito, sinceramente, que o Gana vai vencer, porque é uma equipa que tem jogadores de altíssimo nível, ao nível dos melhores do Mundo, e depois é um país que é estruturalmente organizado e consegue transportar essa organização para o seu futebol».

Angola com objetivos ambiciosos

Angola inicia a competição também no sábado, frente a Marrocos, e a meta é atingir as meias-finais. O objetivo foi fixado pelo presidente da federação, Pedro Neto, que, em entrevista à emissora desportiva angolana Rádio 5, antecipou que seria um «fracasso» se tal não acontecer.

Os Palancas Negras querem apagar a má imagem deixada na anterior edição, coorganizada por Gabão e Guiné Equatorial e em que não passaram da fase de grupos.

O português Manuel José considera que os angolanos têm imenso potencial futebolístico por explorar, mas que não são favoritos a chegar aos quartos de final. O antigo timoneiro dos Palancas Negras, entre 2009 e 2010, destacou a falta de um projeto global para o desenvolvimento do futebol no país, a começar pelos escalões de formação.

«Depois de tantos anos de grandes problemas, ainda há zonas de Angola onde é difícil as equipas se deslocarem para fazer campeonatos de juniores, juvenis ou iniciados, mas há que pensar nas possibilidades que o país tem para fazer esse projeto de formação, que é isso que Angola precisa», afirmou Manuel José, em declarações à agência Lusa.

Depois da «figura do futebol mundial» Rivaldo, que segundo Manuel José serviu de «estímulo para os miúdos», agora os avançados João Tomás e Meyong transferiram-se para clubes angolanos e, de acordo com o técnico, poderão ter praticamente o mesmo efeito.

«A Costa do Marfim e o Gana, mas principalmente a Costa do Marfim, são sempre candidatos. Já chegaram a finais e são equipas com jogadores de top, nos campeonatos europeus. Isso muitas vezes ajuda e outras vezes complica, porque normalmente esses jogadores não têm o mesmo comportamento físico e mental que têm na Europa», referiu.

A Confederação Africana de Futebol garantiu que já foram vendidos mais de 550 mil bilhetes para esta edição, número que constitui um recorde, e o jogo inaugural já está lotado.