Joan Capdevila queria chamar-lhe algo como «os maus também triunfam». Foi sempre assim. Considera-se um jogador mediano com sorte na carreira. Acabou por ceder e, no momento de lançamento da sua biografia, cedeu a outro título: A Sorte.

Neste sábado, na Corunha, o internacional espanhol esteve na Corunha a assinar exemplares do seu livro. Na cerimónia, falou sobre a ausência dos eleitos da seleção.

«Há que dar espaço a outros jogadores. Tive um ano difícil em Lisboa e é normal que não seja chamado. Não tenho queixas quanto a isso», garantiu Capdevila.

O livro foi publicado em Espanha. Entre as curiosidade que interessam aos adeptos portugueses, destaque para o número utilizado por Capdevila no Benfica. Afinal, o derradeiro exemplo da superstição que acompanha o campeão europeu e mundial.

«Quando chegou ao Benfica, Joan viu que o 11 já estava ocupado. Então escolheu o 38 porque 3 mais 8 é igual a 11, o número da sorte. Este livro anda muito em volta desse número porque o Joan é extremamente supersticioso. O livro tem 11 capítulos e esse era o seu número na seleção espanhola no Mundial de 2010».

Outra particularidade curiosa. «Joan também adorou a camisola do Benfica, achou que lhe transmitia uma boa sensação, por ser roja, ser como a camisola da seleção espanhola.»

«Acha que é um futebolista normal com sorte»

Alma Marín Berbís, antiga jornalista e velha conhecida de Capdevila, explicou os contornos da obra ao Maisfutebol.

«Joan escreve sobre o Benfica no último capítulo do livro. Nolito, seu atual companheiro, e Jorge Andrade também deram o seu contributo nesse capítulo. Sinceramente, não sei se ele merece o que está a passar agora no Benfica, mas é apenas a minha opinião», frisa Alma Marín.

Joan Capdevila não se deslumbrou, garante. Nunca. Aliás, o título do livro prova a modéstia do lateral. «E não é falsa modéstia. Ele queria mesmo chamar-lhe 'os maus também triunfam', porque acha que é um futebolista normal que teve sorte em chegar onde chegou. Ele sempre pensou dessa forma.»

Benfica, «um dos cromos mais difíceis»

A co-autora do livro leu, para o Maisfutebol, algumas passagens do capítulo dedicado ao Benfica. Palavras de Joan Capdevila.

«Estava na pré-temporada com o Villarreal e o meu empresário falou-me na hipótese de ir para o Benfica. Sinceramente, nunca pensei que pudesse jogar em Portugal, mas sim na liga inglesa ou italiana.»

«Foi uma surpresa mas uma surpresa boa. O Benfica é um histórico, algo como um dos cromos mais difíceis de conseguir nas cadernetas (ndr. expressão para salientar a grandeza do clube). Só o nome dá-me a sensação de grandeza.»

«Chegar ao Estádio da Luz foi incrível, recordei o meu primeiro europeu com a seleção espanhola, em 2004. Conheci Eusébio, fui apresentado e tive apenas tempo para uma breve visita a Lisboa.»

«Vim com imensa vontade de trabalhar mas as coisas não têm corrido como estava à espera. O futebol é assim e só posso esperar, continuar a trabalhar. Continuarei à espera da minha oportunidade.»

«És bonito, Beckham»

Joan Capdevila dedica os restantes dez parágrafos do livro ao seu percurso no futebol. Sempre relacionando o seu sucesso, o seu currículo, com uma enorme dose de Sorte.

«A sorte tocou-me como uma varinha mágica, lembro-me de quando voltei da África do Sul e dá-me quase vertigens pensar no afortunado que sou»
, resume o jogador.

Entre as histórias do livro, destaque para um duelo particular com David Beckham. Certo dia, Capdevila quis intimidar o seu adversário direto e aplicou uma fórmula original. «És bonito, Beckham», disse-lhe então.Um afortunado bem humorado. É esse o seu retrato.



[artigo atualizado]