Pela primeira vez titular na Liga 2013/14, Carlos Eduardo revelou-se o melhor elemento em campo na vitória do FC Porto sobre o Rio Ave, em Vila do Conde (1-3). Unanimemente elogiada pela imprensa desportiva, a exibição do médio brasileiro confirmou que é agora o principal trunfo de Paulo Fonseca para dar nova alma ao tricampeão nacional. A ponto de ser a figura da jornada.

O técnico «reinventou o setor intermediário sem abdicar do duplo pivot», como se pode ler nos destaques do jogo, escritos pelo jornalista Vítor Hugo Alvarenga, que classifica Carlos Eduardo como a figura da noite. «O brasileiro começou bem, arrancando uma falta e batendo o livre para o golo de Maicon. Caindo sobre a esquerda, foi perdendo fulgor na etapa inicial, a par da restante equipa, mas voltou a aparecer a grande nível na segunda metade. Tem talento para manter o lugar», pode ler-se ainda.

Carlos Eduardo já tinha dado um «ar da sua graça» frente ao Sp. Braga. Entrou ao intervalo para o lugar de Lucho, a contas com problemas físicos, e «agitou» o ataque portista, para uma vitória por 2-0 sobre os «arsenalistas», com «bis» de Jackson Martínez.

A luta por um lugar no «onze» foi depois travada por uma opção técnica anterior: Carlos Eduardo não foi inscrito na UEFA, no início da época, e por isso não foi opção para a visita dos «dragões» ao Vicente Calderón, para a ronda decisiva da Liga dos Campeões, que terminou com derrota e eliminação azul e branca.

Mas no regresso à Liga, neste domingo, Paulo Fonseca não esqueceu Carlos Eduardo. O brasileiro foi titular pela primeira vez e justificou a aposta plenamente, inclusive com a assistência, de livre, para o primeiro golo, apontado por Maicon.

Antigo treinador de Carlos Eduardo na formação do Desportivo Brasil, e depois também no Estoril, onde foi adjunto de Marco Silva, André Galbe ficou agradado com o que viu. «Gostei bastante da exibição dele, independentemente de o conhecer bem e de gostar dele. Deu velocidade ao jogo, mostrou muita disponibilidade, procurou colocar os colegas em situação de golo. Mostrou dinâmica, agressividade a defender. Foi o Carlos Eduardo que eu conheço», disse o agora adjunto do Mogi Mirim à Maisfutebol Total.

«O Carlos ficou muito feliz com a exibição, com o resultado. Satisfeito também por ter feito os noventa minutos, e com os elogios que recebeu», acrescenta o empresário do jogador, Marcelo Pinheiro.

Sem euforias, Marcelo Pinheiro garante também que o médio «está ciente da responsabilidade e sabe que está apenas no início». «Quer ajudar a equipa também na Liga Europa, ter uma sequência de jogos e contribuir para um ciclo positivo», acrescenta.

Está assim definida uma das próximas metas de Carlos Eduardo. Depois de ter sido afastado das opções para a Liga dos Campeões, no início da época, o brasileiro quer agora figurar na nova lista a enviar para a UEFA. «Ele trabalha para isso, mas vai respeitar as opções do técnico, como sempre respeitou. A expectativa é que esteja na lista», assume Marcelo Pinheiro.

O empresário ressalva, em todo o caso, que Paulo Fonseca «sempre foi muito transparente com Carlos Eduardo». «Sempre falou muito com ele, disse-lhe que estava a gostar do que via e que a oportunidade ia chegar. E assim foi», afirma, à
Maisfutebol Total.



Marcelo Pinheiro destaca o «nível elevado» do plantel do FC Porto, e por isso encara com naturalidade as dificuldades iniciais de Carlos Eduardo. «Mesmo na B mostrou sempre profissionalismo e dedicação, pois sabia que aquilo ia contar para ser promovido. A mudança para o FC Porto foi um salto na carreira. Ele precisava mostrar o seu potencial, ter uma sequência de jogos. Foi um processo normal», entende.

André Galbe lembra que no Brasil os médios criativos não costuma contribuir muito defensivamente, e que «por isso Carlos Eduardo tardou a adaptar-se ao futebol europeu». «Demorou a perceber a importância do trabalho sem bola, mas assim que o percebeu começou logo a fazer a diferença», adianta.

«Não tenho visto os jogos do FC Porto, por isso pode ser injusto, mas penso que ele pode dar a velocidade que é preciso. Lembro-me que o FC Porto era uma equipa muito rápida, quer a atacar quer a reorganizar-se. As poucas vezes que vi o FC Porto esta época pareceu-me uma equipa sonolenta, não tão forte. As equipas do Paulo Fonseca eram muito fortes defensivamente, era assim o Aves e o Paços, mas no FC Porto é preciso atacar bem», acrescenta o técnico brasileiro.

Carlos Eduardo apresenta-se, por isso, como um despertador para o FC Porto. Que tanto pode jogar a "8" como a "10". «No Brasil ele jogava como "8". Tendo em conta a qualidade dos jogadores do FC Porto penso que a posição onde pode render mais é a "10", mas olhando para a concorrência talvez a melhor opção seja jogar a "8"», conclui