No início da temporada passada, Jorge Jesus revela que a ala esquerda da defesa sofre mais uma baixa para além da saída de Fábio Coentrão para o Real Madrid. César Peixoto recusa-se a jogar numa posição que não é a sua. Jesus compreende, mas busca outras soluções.

Era o princípio do fim da relação com o Benfica, onde foi campeão e ganhou duas Taças da Liga. Esteve até dezembro sem jogar e voltou no início de 2012, agora ao serviço do Gil Vicente.

O César é muitas vezes conectado com Jorge Jesus, por terem trabalhado juntos no Sp. Braga e depois no Benfica. É fácil trabalhar com ele?

Jorge Jesus foi o treinador com quem mais aprendi. Sobretudo a nível de tática e a ver o futebol de outra forma. Aqui em Portugal penso que é o melhor, não há grandes dúvidas.

Consegue compreender a forma como é recebido em Braga, desde que deixou o clube, com constantes assobios?

De certa forma percebo a reação dos adeptos do Braga. Eu era uma peça importante no clube e o facto de sair para o Benfica não foi muito bem aceite. Mas as pessoas têm de pensar que somos profissionais e temos objetivos. A nossa carreira é curta e temos de conseguir o máximo que pudermos nos poucos anos que temos como jogadores. E o Sp. Braga acabou por sair a ganhar, penso eu. Cheguei a custo zero, fiz dois bons anos onde contribuí para o sucesso da equipa e quando saí o clube foi remunerado. Saí de consciência tranquila e com boas relações com todos na estrutura do clube. Com os adeptos não foi assim, mas eu compreendo.

Este ano envolveu-se numa picardia com o Hugo Viana no Sp. Braga-Gil Vicente. Foi um caso isolado? Está resolvido?

São lances do jogo e é algo que já passou. Já está tudo bem, agora, e não queria comentar muito sobre isso.

Qual foi o segredo do Benfica campeão com Jorge Jesus? O fator surpresa ajudou?

Também, mas tínhamos uma excelente equipa, engrenámos bem desde cedo e começámos a ganhar confiança com o objetivo de sermos campeões. Conseguimos goleadas, um futebol bonito. Foi uma época brilhante. É das temporadas que guardo melhores recordações, juntamente com as do F.C. Porto. Dava gosto jogar naquela equipa. Estava como defesa esquerdo, mas eu próprio me entusiasmava com aquele futebol e subia para ajudar também.

Alguma vez se arrependeu da decisão que tomou na época passada de não jogar mais como defesa esquerdo?

Foi uma decisão muito difícil de tomar. Nunca tinha sido defesa na carreira. Só com o mister Co Adriaanse, mas aí era diferente, era um falso defesa esquerdo. No Benfica acabei por ter de jogar assim dois anos, mas não era, de todo, o lugar onde eu achava que podia tirar mais rentabilidade. Não era feliz. Para as pessoas pode parecer difícil perceber como é que eu não era feliz a jogar no Benfica, mas o problema não era o clube, longe disso, mas o lugar onde tinha de jogar. Se pudesse jogar noutra posição se calhar ainda estava lá. Decidi sair, foi difícil, mas só me arrependo do que não faço.

No período em que esteve no Benfica parado, sentiu que poderia estar a jogar se voltasse atrás na sua decisão?

Estou e sempre estive atento ao Benfica, continuo a ter lá muitos amigos. No ano passado vi vários jogos e sentia que podia ser titular daquela equipa. Estaria a mentir se não o dissesse.