Eusébio Bancessi começa a dar que falar em Inglaterra. Porque se chama Eusébio e porque anda a marcar golos que se farta. Depois dos juvenis do Sporting e dos juniores do Benfica, Eusébio é um adolescente que tenta a sorte no Wolverhampton, para já na equipa de reservas, a sonhar com a Premier League e a seleção portuguesa.

«Está a correr bem. Estou a gostar muito. A equipa está a dar-me oportunidades. Marquei três golos ontem no jogo com o Tottenham. Fiz sete golos em três jogos.» É ele quem se apresenta, em conversa com o Maisfutebol. 18 anos, joga a extremo e tem todos os sonhos pela frente. «O meu desejo é representar a seleção nacional e jogar na primeira liga aqui em Inglaterra.»

Eusébio é natural da Guiné-Bissau e chegou a Portugal pela mão de Catio Baldé. «Veio da minha academia para o Sporting», conta o empresário. «Esteve ano e meio nos juvenis e na época passada foi para o Benfica, no primeiro ano de junior.»

Fez parte da equipa encarnada que conquistou o título nacional de juniores na época passada, ao longo da qual marcou quatro golos em 16 jogos. No final da temporada saiu. «Estava sem contrato. O Benfica quis renovar», diz Baldé, «mas o Manchester City quis contratá-lo». «Esteve lá a treinar mas não se chegou a firmar o contrato. E surgiu a oportunidade do Wolves, onde terá mais possibilidades de chegar rapidamente à equipa principal.»

«Eu e o meu empresário achámos que aqui ia ser melhor para mim em termos de condições de vida», reforça Eusébio. Está a falar de coisas importantes, como poder ajudar a família que ficou na Guiné: «Tenho uma família em África, está a precisar muito da minha ajuda. Mando dinheiro para os ajudar.»

«Para mim é igual. Estou feliz aqui, os colegas tratam-me bem. Também fui feliz nos outros clubes. Saí sempre feliz dos clubes onde estive. Nunca saí mal de uma casa.» Do Sporting e do Benfica, Eusébio diz que só guarda boas recordações. E guardou amigos, a começar pelos treinadores. «Quando saí do Sporting o treinador, o José Lima, motivou-me sempre. Nunca me vou esquecer de uma coisa que ele me disse. Que hoje estou aqui, amanhã não sei onde estou, por isso tenho de aproveitar tudo o que aparecer, nunca desperdiçar nada.»

«Continuo a comunicar com os meus colegas do Benfica e do Sporting. Tenho falado com o meu treinador no Benfica, o João Tralhão. Eu ligo-lhe, ele liga-me. Motiva-me sempre, diz que gosta muito de mim, que fico no coração dele, que sou um miúdo educado. Também me dá conselhos sobre futebol.»

Em Inglaterra a adaptação está a correr bem. Como acontece com os jovens estrangeiros que rumam ao futebol inglês, Eusébio foi acolhido por uma família e é com eles que vive. «Estou na casa de uma família, é uma família maravilhosa.»

O Wolverhampton está nesta altura na League One, o terceiro escalão do futebol inglês. Há dois anos estava na Premier League, desceu duas divisões consecutivas e está nesta altura na frente do campeonato, em igualdade de pontos com o Leyton Orient. Eusébio espreita uma oportunidade na equipa principal. Para já, vai mostrando o que vale na equipa de reservas.

Começou a dar nas vistas quando marcou os dois golos da vitória sobre o Notts County (2-1) na Taça sub-21 da Premier League, a 21 de novembro.



Pouco depois, o treinador Kenny Jackett admitia dar-lhe uma oportunidade na equipa principal. «É muito promissor. Está perto de ser chamado à equipa. Vamos ver, mas fiquei muito impressionado com o arranque dele pelos Wolves», afirmou: «Nos sub-21 marcou quatro golos nas duas últimas aparições, o que nunca é mau para um extremo direito.»

Isto foi antes do «hat-trick» desta segunda-feira ao Tottenham, para o campeonato de reservas. Eusébio marcou os três golos dos Wolves, os dois primeiros a encostar na área, o terceiro de penálti.



«O treinador deu-me os parabéns, disse-me para começar a treinar dia a dia. Tenho que continuar assim», conta Eusébio. O técnico principal também tem conversado com ele: «Disse para continuar a trabalhar dia a dia, que um dia vai chegar a minha oportunidade.»

A oportunidade de Eusébio na primeira equipa deve estar mesmo para chegar. Para os adeptos, já tarda. Nas redes sociais e nos sites de curiosidades britânicos, nesta terça-feira, Eusébio era tendência. Os adeptos pedem que seja chamado à equipa principal, os títulos não resistem aos trocadilhos à volta de um Eusébio vindo de Portugal a marcar golos. Embora muitas vezes seja referido pelo apelido, há comentários de adeptos a pedir para que, quando chegar à equipa principal, leve Eusébio escrito na camisola.

O jovem conta ao Maisfutebol que vive diariamente com piadas e comparações com o «Pantera Negra» original, famoso em todo o mundo e muito especialmente em Inglaterra, depois do que fez no Mundial 66: «Brincam sempre comigo por me chamar Eusébio. Os meus colegas e o treinador. Dizem que vou ser igual ao outro.»