Numa entrevista que vai ser publicada na próxima semana na revista Esquire, o director-executivo do Chelsea, Peter Kenyon, abre o livro e assume claramente divergências com o patrão do clube, Roman Abramovich. Divergências sobretudo ao nível das escolhas para o comando técnico da equipa. «Para atingirmos o sucesso, não podemos mudar de treinador todos os anos», garantiu. «Isso não funciona no futebol».
Peter Kenyon vai mais longe e diz que o despedimento de Scolari foi uma decisão de Abramovich. Mas adiantou que o russo falou com ele antes, por telefone, numa altura em que Kenyon estava de férias. «A decisão foi tomada pelo dono do clube, que é a forma natural e correcta das coisas acontecerem, mas todos tomámos parte dela», garante, lembrando que Scolari foi contratado para um período superior a 2010.
Para lá de Scolari, Kenyon fala também de Mourinho. O director-executivo diz que olha para o período do português no Chelsea «com muito carinho» e garante que era o treinador certo para construir um sucesso sustentado. Por isso, adianta, manteve-se numa posição neutra quando Mourinho e Abramovich começaram a entrar em choque. Diz que jogou um papel diplomático e que só por isso treinador aguentou no clube.
A ideia era fazer com Mourinho o que o Manchester United está a fazer com Alex Ferguson. Peter Kenyon trabalhou aliás com Ferguson durante sete anos, em Old Trafford, e diz que é um exemplo de organização e planeamento. «Ele faz as coisas de uma forma que toda a gente gostaria de fazer. A continuidade é muito importante no futebol», disse, lembrando que o Chelsea vai para o sexto treinador em seis épocas.