O APOP Kinyras está a ser investigado pelo Comité Nacional Antidoping devido aos controlos positivos de Carlos Marques e Medeiros, registados a 31 de Outubro e na primeira semana de Novembro. Os dois jogadores portugueses nunca pensaram que os seus nomes ficariam ligados a um processo como este. Os atletas sentem-se desapontados e enganados, porque, como explicaram ao Maisfutebol, a substância encontrada foi-lhes «administrada pelo [antigo] treinador», que alegou ser apenas um suplemento vitamínico.
O defesa Carlos Marques foi o primeiro a ser confrontado com a notícia de que o controlo efectuado, após o jogo com o Anorthosis, tinha dado positivo. «Fiquei surpreendido, porque jogo há muitos anos e nunca tomei nada», apontou.
Quando se soube do sucedido ninguém suspeitou que o caso pudesse estar ligado às «vitaminas» que os jogadores tomavam e que, afirmam, terão sido administradas pelo antigo técnico Edward Eranosian: «Na altura nem sequer pensei que fosse ilegal. Antes de todos os jogos, o treinador dava aquilo aos titulares e dizia que eram vitaminas. Só dava a esses 11. No dia em que fui ao controlo também foi outro colega, que não acusou porque entrou apenas ao intervalo e não tinha tomado. Sempre tive confiança no clube, logo nunca desconfiei. Os fisioterapeutas questionaram-no e ele disse-lhes o mesmo.»
Uma semana mais tarde, Medeiros também acusou a presença da mesma substância, um esteróide. Foi após o encontro com o APEP e aí os jogadores ficaram com a ideia de que a confiança depositada no treinador poderia ter um preço muito alto: «Ficou confirmado que seriam as tais vitaminas, depois de o Medeiros também ter acusado positivo. Fez o controlo com um guarda-redes, que não tinha tomado e, por isso, não acusou. Agora os advogados do clube estão a preparar a nossa defesa. Na próxima semana vamos reunir-nos e antes do final do mês saberemos quanto tempo ficaremos suspensos.»
«É o pior que pode acontecer a um atleta», Carlos Marques
Sem jogar desde meados de Novembro, Carlos Marques não esconde a sua tristeza e desilusão. O jogador tenta ser optimista e agarrar-se à esperança de que ficará provado que a substância foi tomada sem que soubesse a sua real natureza. No entanto, parece não conseguir esquecer que o seu nome ficará "manchado", independentemente do desfecho do processo: «Sinto-me desapontado. Se tivesse tomado de forma consciente e por iniciativa própria... Mas confiei em alguém, que era suposto ser de confiança, por isso fico ainda mais desapontado. O meu nome ficará sempre marcado. O pior que pode acontecer a um atleta é estar ligado a uma situação destas.»
«Nunca tomei nada intencionalmente», garante Medeiros
Leonel Medeiros tem uma certeza: «Nunca tomei o que quer que fosse intencionalmente». O defesa, que passou por clubes como Varzim, V. Guimarães e Académica, diz sentir-se «enganado». Por ser habitual serem administrados suplementos, nem desconfiou do que estava a passar-se, disse ao Maisfutebol: «O nosso antigo treinador dava-nos vitaminas e confirmou-se que eram doping. Houve um controlo e foram apanhados dois jogadores. Achávamos que eram vitaminas. Nunca me passou pela cabeça que estivesse a tomar qualquer substância proibida. Todos lhe perguntaram o que era e ele [antigo treinador Edward Eranosian] sempre disse que era apenas um suplemento vitamínico e nós acreditámos.»
Neste momento, Medeiros só pensa em provar a sua inocência: «Sei que nunca tomei nada intencionalmente. Jogo futebol há 12 anos e nunca tomei nada, não seria aos 31 que ia começar a fazê-lo. Tenho de provar que estou inocente.»