O clássico não foi decisivo para o título, o Benfica perdeu o jogo e foi campeão na mesma, a partida disputou-se à sexta jornada e até ao fim ainda se jogaram mais 28 rondas. Poucos clássicos, porém, sobretudo nos últimos anos, fizeram correr tanta tinta quanto o de 2004/05. Porquê? Por causa de um golo que ainda hoje ninguém sabe se realmente foi ou não foi.
Corria o minuto 78 quando Petit rematou forte de fora da área, Vítor Baía agarrou a bola mas largou-a, deixou que batesse no relvado e saltasse em direcção à baliza, quando foi depois tirá-la com um soco de recurso. O guarda-redes levantou-se de pronto a dizer que não com um gesto da mão, os jogadores do Benfica cercaram o árbitro assistente e o ambiente ficou quente até ferver.
A vitória portista que foi uma imagem enganadora
Certo é que Olegário Benquerença mandou o jogo seguir e até ao final o resultado não sofreu mais alterações. Ficou para a história, por isso, o golo de McCarthy, logo aos nove minutos, num remate que aproveitou uma falha de Fyssas e bateu por completo Moreira. O F.C. Porto da era pós-Mourinho mostrava, no primeiro teste a sério, sob a orientação de Victor Fernández, que era capaz de viver bem sem o treinador que se mudara para o Chelsea. Uma imagem enganadora, como haveria de o provar uma época em que os azuis e brancos tiveram três treinadores e acabaram por não chegar ao título.
Que ficou para o Benfica, aliás. O Benfica de Giovanni Trapattoni. O italiano resgatou o título para os encarnados onze anos depois da última vez. Aliás, no final dessa jornada o Benfica, apesar da derrota, manteve a liderança, com um ponto de vantagem sobre o Marítimo e dois pontos de vantagem sobre o F.C. Porto. No final terminaria com mais três pontos que os azuis e brancos. Ambos perderiam por seis vezes, mas os dragões empatariam mais uma (oito contra sete apenas do Benfica). Nada que apagasse da memória, porém, o remate de Petit. O tal que ainda hoje ninguém sabe se entrou.
FICHA DE JOGO
Benfica: Moreira; Miguel, Luisão, Ricardo Rocha e Fyssas; Petit, Manuel Fernandes (Zahovic, 71m) e João Pereira (Karadas, 25m); Geovanni, Nuno Gomes e Simão.
F.C. Porto: Vítor Baía; Seitaridis, Jorge Costa, Pepe e Ricardo Costa; Costinha, Maniche e Diego (Quaresma, 83m); Derlei (Areias, 63m), McCarthy e Carlos Alberto (Bosingwa, 69m).
Golos: McCarthy, 9m.